Terça-feira, 25 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 29 de agosto de 2022
Após dois anos de atraso, começou há um mês o Censo 2022. No entanto, vários estados do país estão registrando contratempos na coleta. Recenseadores têm relatado dificuldades para serem atendidos pelos moradores, tentativas de estupro, agressões verbais e físicas, roubos de equipamentos e bens pessoais e atrasos nos pagamentos da remuneração.
Problemas no pagamento
Recenseadores ouvidos pela Rede Amazônica reclamam sobre atraso para receberem o pagamento pelos serviços prestados. Isso acontece porque muitos moradores estão se recusando a recebê-los, seja por medo ou falta de informação.
“A partir do momento que eu finalizei esse setor, com cinco dias a gente receberia. E já tem vários colegas com mais de 12 dias úteis que já finalizarem seus respectivos setores, e ainda não receberam. E a gente se preocupa, porque nós temos família, e contas que não esperam para serem pagas”, disse uma outra recenseadora, que também preferiu não se identificar.
O IBGE informou que todos os casos estão sendo verificados, e que o procedimento está dentro dos prazos legais.
Recenseadores de Fortaleza receberam com atraso o pagamento da remuneração. O chefe do IBGE no Ceará, Francisco Lopes, explicou que o sistema de pagamento do órgão começou a receber informações de recenseadores do país todo e que acabou não suportando a gama de informações. Contudo, dias depois, o problema foi resolvido e os recenseadores receberam o pagamento, segundo o IBGE, e os próprios profissionais confirmaram o recebimento.
Assaltos
Em Bauru, interior de São Paulo, o aparelho usado no Censo foi arrancado das mãos de um recenseador por um criminoso, que conseguiu fugir.
Em Rio Branco, no Acre, recenseadores foram vítimas de assaltos durante as visitas. As equipes já sofreram cinco assaltos desde o início dos trabalhos. Dois Dispositivos Móveis de Coleta (DMC), usados pelos servidores, foram levados durante os crimes. Em nenhum dos casos houve agressão, segundo a coordenação.
Segundo o IBGE, quando há roubo ou furto desses equipamentos, o aparelho “é rastreado, apagado e inutilizado, sem prejuízo do sigilo garantido aos informantes ou moradores. Sobre a segurança dos dados coletados, ela é garantida com o uso da criptografia, os dados gravados no dispositivo móvel de coleta são criptografados”.
Tentativa de estupro
Em Rondônia, na zona rural de Vale do Anari, uma recenseadora sofreu uma tentativa de estupro e foi ameaçada de morte, enquanto trabalhava no Censo.
A mulher de 28 anos foi até a casa de um morador na Linha PA 18 e foi recebida pelo homem no quintal. Após preencher todas as respostas do formulário, a vítima foi até sua motoneta e deu partida no veículo para ir embora. O morador então apareceu com uma faca de cozinha e começou a correr atrás dela.
O homem chegou a segurar a vítima pela mão, mas a mulher conseguiu jogar a faca para longe após reagir e entrar em luta corporal. A mulher afirma que conseguiu correr e entrar no pasto da propriedade, mas foi alcançada pelo suspeito.
“Ele novamente me agarrou, com a faca na mão, e conseguiu me levar para dentro da residência, tentando forçar uma relação sexual. Ele ainda ameaçou dizendo da seguinte forma: ‘para de gritar senão eu te mato'”, diz o relato da recenseadora no boletim.
Dentro da casa, o acusado tentou ainda enforcar a vítima, mas ela conseguiu empurrar o homem com um dos pés e saiu correndo para pedir socorro. Ela foi ajudada por alguns moradores. O homem está foragido.
Ameaças
No Rio Grande do Norte, um recenseador registrou boletim de ocorrência contra um morador do bairro da Redinha, em Natal. De acordo com o profissional, mesmo com as explicações do que se tratava a pesquisa, o homem se manteve irredutível e fez diversas ameaças contra o profissional.
“Ele disse que era para eu sair da rua dele e mandou eu não voltar mais. Se eu voltasse, ele ia me dar um tiro, isso com a mão na cintura”, afirmou.
Após o registro do boletim de ocorrência, ele relata que continua trabalhando na função, mas em outro setor. “Fui remanejado. Eu participei do processo seletivo para melhorar minha renda, mas, após a situação, já pensei em desistir”, revela.
“Está sendo muito difícil porque me jogam água, gritam comigo. Estão tratando a gente mal. ‘Ah, eu vou fazer o Censo e vou ganhar quanto? Ah, você vai fazer o Censo mas vai aumentar meu imposto? Ah, eu não quero falar que isso não tem nada a ver’”, conta a recenseadora Amanda de Assis Barbosa, de Poá (SP).
Em Bauru, interior de São Paulo, uma recenseadora foi ameaçada com um facão por um morador que se sentiu incomodado com a abordagem. O coordenador censitário Lucas dos Santos Correia disse que uma série de hostilidades tem marcado o trabalho dos recenseadores na cidade, especialmente de moradores que se recusam a receber os profissionais com medo de golpes.
“Quando eu fui perguntar para a senhora alguns quesitos como idade, quantos banheiros tinha em casa, ela achou ruim e começou a me ofender. Começou a me xingar, dizer palavrões e no final chegou a falar que se eu voltasse no domicílio ela ia me matar”, afirma um recenseador de Ponta Grossa (PR). As informações são do portal de notícias G1.