Sexta-feira, 06 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 14 de novembro de 2024
Segundo Andrei Rodrigues, homem-bomba esteve em Brasília no começo do ano passado, mas não há indício da participação dele no 8 de janeiro
Foto: Reprodução de TVO diretor-geral da PF (Polícia Federal), Andrei Rodrigues, afirmou em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (14) que “há indícios de planejamento de longo prazo” na ação realizada na noite da última quarta-feira (13) em frente à sede do STF (Supremo Tribunal Federal) em Brasília.
Segundo Rodrigues, o homem, identificado como Francisco Wanderley Luiz esteve em Brasília em outras oportunidades, incluindo no início do ano passado. Ainda não há, entretanto, informação se ele participou dos atos de 8 de janeiro.
Rodrigues disse que considera que o caso de ontem “não é um fato isolado” e que a unidade de antiterrorismo da PF está atuando no caso. “Esses grupos extremistas estão ativos e precisam que nós atuemos de maneira enérgica. Entendemos que esse episódio de ontem não é um fato isolado, mas é conectado a várias outras ações, que, inclusive, a Polícia Federal tem investigado em um período recente.”
Outro indício que pode indicar o planejamento antecipado, segundo Rodrigues, foi um trailer ligado a Francisco. “Esse trailer foi alugado há alguns meses –não foi uma coisa recente– e estava em um ponto estratégico nas proximidades do STF, o que nos aponta para, de fato, um planejamento de médio e talvez de longo prazo e que sinalizam a gravidade de tudo isso que foi feito.”
Andrei acrescentou que as equipes da PF encontraram em uma casa que havia sido alugada pelo suspeito em Ceilândia, no entorno de Brasília, mensagens com alusões ao 8 de janeiro. “Há uma mensagem escrita nas paredes e em espelhos da residência fazendo menções a um ato de pichação que foi feito em 8 de janeiro na Estátua da Justiça”, disse Rodrigues.
“É importante dizer que não é só um ato de pichação. Ali é um ato gravíssimo que atenta contra o Estado Democrático de Direito – esta pessoa [que pichou a estátua] está presa até o presente momento – e que mostra vinculação desses grupos radicais que culminam com essa barbárie que aconteceu ontem, na tentativa de matar ministros da Suprema Corte”, acrescentou.
Origem dos explosivos
O diretor-geral da PF destacou também que a corporação irá investigar de onde vieram os explosivos que foram utilizados na noite de quarta-feira. Ele afirmou que os artefatos foram construídos de maneira artesanal, “mas com grau de lesibilidade muito grande”. Ainda segundo Rodrigues, as bombas eram “artefatos de fragmentação” que simulavam granadas.
“Isso, de fato, poderia causar um dano ainda maior se o intento fosse concluído. Além disso, essa pessoa portava com ela um extintor de incêndio carregado de gasolina, que simulava um lança-chamas.” No porta-malas do veículo do homem-bomba, foram encontrados fogos de artifício.
Na casa alugada em Ceilândia, a PF encontrou mais bombas. Uma delas, inclusive, explodiu e quase atingiu os policiais.
“Felizmente, utilizamos a boa doutrina da nossa instituição e da Polícia Militar também, para fazer a entrada nesse tipo de ambiente. E entramos com nosso robô antibombas. O robô entrou na residência e, ato contínuo, ao abrir uma gaveta para fazer a busca, houve uma explosão. Uma explosão gravíssima que o uso do robô salvou a vida de alguns policiais que, se tivessem ingressado na residência, não sobreviveriam àquela gravidade da explosão.”
Um celular que pode ser do suspeito foi encontrado e será periciado. “Talvez seja um caminho importante para a gente avançar nessa investigação”, salientou.
Motivação do crime
Para o diretor-geral da Polícia Federal, ainda não se pode afirmar a motivação das explosões em frente ao STF. “Estamos trabalhando com essas hipóteses criminais de uma ação terrorista, mas também da ação de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.”
“Esse caso se conecta com outras investigações nossas aqui da PF, que, a partir, inclusive desse sinal muito claro, dessa mensagem deixada pela pessoa que se suicidou nesta quarta-feira, revela que, de fato, há conexões e, portanto, nós vamos trabalhar com a nossa equipe, com apoio da Polícia Militar e da Polícia Civil para que a gente consiga elucidar esse episódio.”