“Estamos vendo o que fazer a cada dia. Chegamos na segunda e vamos ficar até sábado. Já fomos a um barzinho no Leblon e queremos ir ao Parque Lage, ao Bondinho e à praia”, lamentou Clara.
Sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 1 de janeiro de 2021
Com a queima de fogos cancelada e um forte esquema de bloqueios para evitar aglomerações em Copacabana, a rede hoteleira do bairro preferido de turistas e cariocas para a noite da virada amargou um dos maiores fiascos de ocupação das últimas décadas. Levantamento da Hotéis Rio e da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-RJ) mostra que, nas duas últimas semanas, a taxa de quartos reservados para o réveillon caiu de 63% para 38%. Em toda a cidade, a queda foi menor: de 58% para 53%.
O levantamento mais recente é do dia 23. Nesta data no ano passado, toda a rede do Rio estava com uma taxa de ocupação de 68%. Para o vice-presidente da Hotéis Rio, José Domingo Bouzon, o anúncio das medidas da prefeitura para conter o avanço do coronavírus provocou “medo” nos turistas que planejavam vir para a cidade e que acabaram cancelando suas reservas:
“A forma como foi divulgado causou um impacto e muitas pessoas ficaram com medo. Acho que só tivemos uma queda grande assim em 2008, na crise econômica, mas foi algo momentâneo, logo depois voltou. Agora, é uma queda histórica.”
Bouzon disse que, entre os que não desistiram da hospedagem, há muitos cariocas e moradores da Região Metropolitana.
Mas se Copacabana perdeu reservas, a Barra atraiu mais hóspedes. Em duas semanas, a taxa de quartos reservados nos hotéis do bairro subiu de 52% para 67%. Para Bouzon, os dados confirmam uma tendência que vem se consolidando nos últimos anos: a demanda de brasileiros por festas privadas, longe da badalação das areias de Copacabana.
“Isso é uma tendência que vem acontecendo na Barra. E, se as pessoas não podem entrar em Copacabana, elas decidiram ir para onde não terão transtorno. Foi um caminho natural. Copacabana ficou como o ‘patinho feio'”, afirmou.
Menos turistas no interior
A fuga de turistas também foi identificada no interior, onde a taxa de reservas caiu 81% para 69,5%. A maior baixa ocorreu em Búzios, na Região dos Lagos, que passou de 88,75% para 57%. Angra dos Reis, na Costa Verde, também registrou queda, passando de 92% para 87%, mas continua sendo a cidade mais procurada. Aumento mesmo só em destinos fora do circuito praiano, como Itatiaia e Vassouras.
Mas nem mesmo o avanço da pandemia fez a família do costa-riquenho Geiner Calbo Alvarro desistir da visita ao Rio. Ele chegou à cidade na companhia da mulher, Sugey Alvarro, e da filha, Tashannie. Eles estão num hotel em Copacabana, onde devem ficar por um mês.
“Já conhecemos o Arpoador, Ipanema e a Escadaria Selarón”, contou Geiner.
Eles passaram a virada em uma festa no hotel.
“Estamos vendo o que fazer a cada dia. Chegamos na segunda e vamos ficar até sábado. Já fomos a um barzinho no Leblon e queremos ir ao Parque Lage, ao Bondinho e à praia”, lamentou Clara.