Sábado, 07 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 5 de janeiro de 2024
Ao sair do buraco, o idoso se desequilibrou em uma estrutura de madeira na parte de cima da escavação.
Foto: Corpo de BombeirosUma história de “caça ao tesouro” acabou em morte na cidade de Ipatinga (MG) na noite de quinta-feira (4). Um idoso de 71 anos não resistiu aos ferimentos ao cair em um buraco de 40 metros de profundidade. João Pimenta da Silva decidiu, por conta própria, iniciar a escavação na área de serviço de sua casa. Ele teria tido uma revelação em sonho de que haveria ouro debaixo de sua casa.
Então, começou a cavar um círculo no chão de aproximadamente 90 centímetros de diâmetro e 40 metros de profundidade. Ao sair do buraco, o idoso se desequilibrou em uma estrutura de madeira na parte de cima da escavação.
Um amigo estava com a vítima no momento do acidente. Ele tentou salvar o vizinho, chegou a segurá-lo mas perdeu as forças.
“Eu estava aqui trabalhando e ele veio me pedir ajuda para tirar a água do buraco. Tava batendo mais ou menos na cintura. Descemos a bomba e retiramos dois baldes de 18 litros. Ele resolveu retirar a bomba para guardar. Eu falei com ele para deixar para lá porque tava chovendo, parecia que alguma coisa tava tentando me fazer impedir ele. Ai montamos o elevador de novo e ele desceu até a metade do poço, depois ele resolveu voltar”, contou Antônio Wilson Costa.
Segundo os bombeiros, o corpo do idoso apresentava politraumatismo, fraturas expostas nas duas pernas, fratura no quadril, laceração do abdômen e tronco e traumatismo craniano grave.
Conforme o comerciante, a vítima recebeu uma revelação em um sonho e teve a certeza de que embaixo da casa tinha ouro.
“Ele falava que recebeu uma mensagem que tinha ouro na cozinha da casa dele. Nós procuramos mas ele não achou. Custou muito caro pra ele”, disse Antônio.
O amigo contou ainda que a escavação começou há seis meses e que ele recebia R$ 250 por dia de serviço. Disse que eles usaram máquinas e até oxigênio nos trabalhos.
Segundo Antônio, chovia muito no momento em que João pediu ajuda para retirar a água do poço e que ele tentou impedir o vizinho da tragédia.
“Ele chamou um pessoal lá de Teófilo Otoni, não sei se é biólogo, para avaliar o lugar e começar a cavar. A gente começava, parava um dia, depois continuava. Eu trabalhei até chegar em 19 metros. A gente tinha compressor de oxigênio, martelete, bomba. A procura dele era ouro, mas esse ouro, não tinha de jeito nenhum, nós achamos foi água”, disse o amigo.
O capitão do Corpo de Bombeiros Leonardo Schin disse que a atividade feita por João era ilegal e que ele corria muitos riscos.
“Existem processos legais que a pessoa tem que ter autorização dos órgãos ambientais porque o solo pertence a União. E tem toda a questão de equipamentos e de impostos que a pessoa tem que pagar. Um risco muito grande que ele correu e infelizmente veio a se vitimar. Porque, ele estava fazendo uma atividade em altura, necessitava de equipamentos de segurança. Há um risco durante o processo de escavação, a terra pode cair e a pessoa ser soterrada”, explicou.