Sábado, 20 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 8 de abril de 2020
Imagens divulgadas nesta quarta-feira (08) pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) mostram, em detalhe, o momento exato em que uma célula é infectada pelo novo coronavírus. O registro foi possível a partir do uso de infecção em células de linhagem Vero, frequentemente utilizada para ensaios in vitro.
Outro registro identifica diversas partículas do novo coronavírus tentando infectar o citoplasma da célula, onde pode ser visualizado o núcleo, responsável por guardar o material genético da célula.
Já em uma outra imagem, partículas virais podem ser observadas dentro do interior da célula.
Inédito no Brasil, o registro foi obtido durante estudo que investiga a replicação viral do SARS-CoV-2, conduzido pelos pesquisadores Débora Barreto e Marcos Alexandre Silva, do Laboratório de Morfologia e Morfogênese Viral, e Fernando Mota, Cristiana Garcia, Milene Miranda e Aline Matos, do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo.
Segunda onda
À medida que China, Coreia do Sul e Cingapura veem casos novos de Covid-19 emergirem, em sua quase totalidade importados, cresce o temor de uma segunda onda da pandemia. Cientistas estão convencidos que o vírus continuará a ser uma ameaça global por muito mais tempo, num período que pode chegar a dois anos, segundo algumas previsões. Mas a gravidade de novas ondas em cada país dependerá das medidas de contenção que eles tomarem agora, alertam especialistas.
O Brasil, que está só no início da subida da primeira onda, ainda não consegue fazer testagem em massa, que tem tido êxito global. E as medidas de isolamento social para aqueles que podem ficar em casa, defendidas pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e governadores, enfrentam a resistência de parte da população e do presidente Jair Bolsonaro. Sem isolamento severo e testes, mostram todos os países que baixaram a curva de ascensão da epidemia, é impossível conter o coronavírus.
Uma projeção do grupo “Covid-19 Brasil”, que reúne universidades brasileiras e acertou todas as análises até agora, diz que o Brasil tem hoje, na verdade, 82 mil pessoas infectadas e não 12.056 como indica o governo. As novas projeções levam em conta a estrutura etária da população com base nos dados do IBGE.
“O momento não é de discutir se uma segunda onda virá porque isso é certo. A questão é como virá. Muito provavelmente o coronavírus causará ondas nos próximos dois anos. A questão será nossa capacidade de testar o maior número de pessoas, saber quantos são os infectados, isolar os casos”, alerta Domingos Alves, do Laboratório de Inteligência em Saúde (LIS) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), que trabalha com vários pesquisadores de universidades no Brasil nas projeções do grupo.
Segundo ele, a curva do Brasil está mais íngreme que a dos Estados Unidos e estamos ainda na primeira metade da escalada, cujo pico poderá ser alcançado somente em maio, num cenário otimista e, em novembro, num pessimista.