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Mundo Imigrantes ilegais gastam mais de mil dólares em “kit covid” ineficaz nos Estados Unidos

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Projeto de lei dispensa inclusão do medicamento nos protocolos da ANS e foi aprovada por 398 votos a 10. Agora, proposta segue para sanção presidencial. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Em uma tarde de terça-feira em abril, entre mesas de vegetais, roupas e carregadores de telefone no maior mercado de pulgas de Fresno, na Califórnia, estavam medicamentos sob prescrição, vendidos como tratamentos contra covid-19. Feirantes vendiam injeções do anti-inflamatório dexametasona por US$ 25, vários tipos de antibióticos e o medicamento antiparasitário ivermectina. Cloroquina e hidroxicloroquina – medicamentos contra malária promovidos pelo ex-presidente Donald Trump ano passado, com uso ainda estimulado pelo presidente Jair Bolsonaro – também fazem aparições regulares no mercado, assim como suplementos falsos de ervas.

Agências de saúde e de proteção ao consumidor repetidamente advertiram que vários desses tratamentos, assim como infusões vitamínicas e injeções caras de “terapias de peptídeos” vendidas em clínicas de bem-estar por mais de US$ 1.000 não são apoiadas em evidências científicas confiáveis.

Mas tais remédios não comprovados, muitas vezes promovidos por médicos e empresas nas redes sociais, têm atraído muitas pessoas em comunidades imigrantes de baixa renda em lugares do país onde as taxas de covid-19 têm sido altas mas o acesso a assistência de saúde é baixo. Alguns se voltam para medicamentos não regulamentados porque a medicina convencional é muito cara ou inacessível por causa de barreiras culturais ou linguísticas.

“É decepcionante mas não surpreendente que pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza têm gastado grandes somas de dinheiro em tratamentos não comprovados contra covid-19″, disse Rais Vohra, chefe provisório do departamento de saúde do Condado de Fresno.

“As pessoas estão desesperadas e são bombardeadas com desinformação e talvez não tenham as habilidades, tempo ou contexto para interpretar evidência médica.”

Durante a pandemia, muitos imigrantes excluídos da assistência médica convencional se voltaram para mercados do tipo em busca de tratamentos para covid-19. Aproximadamente 20% da população hispânica nos Estados Unidos não tem seguro de saúde e a proporção é muito maior entre imigrantes não documentados.

Além disso, alguns imigrantes não confiam em médicos que não falam sua língua ou que os tratam secamente – e essas preocupações têm sido amplificadas pela severa retórica política dirigida a mexicanos e centro-americanos.

Medo de deportação

“Minha comunidade teme que o governo pode estar tentando se livrar de nós”, disse Oralia Maceda Méndez, uma ativista em um grupo de comunidade baseado em Fresno para a população indígena de Oaxaca, México. Ela ouviu muitas histórias de imigrantes em sua comunidade que se automedicam contra covid-19 com penicilina, outros antibióticos ou um mix de vitaminas e terapias com ervas comprados em lojas ou de viajantes vendendo medicamentos comprados no México.

“Não estou surpresa que estão se aproveitando das pessoas”, ela disse. “Nós não temos a assistência de que precisamos.”

Alguns trabalhadores rurais receberam tratamentos não comprovados em clínicas especializadas. Uma mulher em Fresno recentemente descreveu como seu marido, um trabalhador rural, ficou tão doente com covid-19 que ele não conseguia respirar ou caminhar, mas ele se recusava a ir até o hospital porque ele havia escutado boatos de que imigrantes não documentados haviam dado entrada e nunca saído.

Ela o levou até uma clínica de bem-estar, onde um médico o deu tratamentos de peptídeos injetáveis, lembrou a mulher, que pediu anonimato por causa de seu status de imigração.

Ela não estava preparada, ela disse, para a conta de US$ 1.400, que incluía o custo de seringas e frascos rotulados como thymosina-alpha1, BPC-157 e LL-37. Enquanto os tirava do armário na cozinha de sua casa móvel, ela disse que não sabia exatamente o que eram, e ela ainda sente o preço salgado.

“Eu estava em choque, mas estava tentando agir como se estivesse ok porque eu tinha que ser forte pelo meu marido e meus filhos”, ela disse. Ele ficou mais doente apesar das injeções, mas a família não tinha mais dinheiro para assistência. Mais de um mês se passou até que ele ficasse bem o suficiente para voltar aos campos.

Sandra Celedon, presidente de uma aliança de organizações de base chamada Fresno Building Health Communities, disse que ela e seus colegas ouviram diversos trabalhadores rurais e outros imigrantes latinos de baixa renda que gastaram suas economias em infusões vitamínicas e terapias de peptídeos contra covid. “Essas pessoas são as mais pobres das mais pobres, e ainda assim médicos estão pedindo dinheiro vivo para seus tratamentos não comprovados”, ela disse.

Alguns medicamentos não regulamentados podem ser perigosos. E mesmo que eles não sejam um risco à saúde por si só, eles podem fazer com que as pessoas adiem a procura de ajuda médica, o que pode ser fatal. Tratamento atrasado é uma razão pela qual pessoas das comunidades negra e hispânica morreram de covid em uma taxa duas vezes maior que pessoas brancas nos Estados Unidos.

Terapias alternativas também podem limitar as opções de tratamento de um paciente porque médicos se preocupam com interações medicamentosas tóxicas, disse a doutora Kathleen Page, uma especialista em doenças infecciosas na Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins em Baltimore.

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