Por Redação O Sul | 23 de setembro de 2015
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Quando o governador José Ivo Sartori recuperar as finanças do Rio Grande do Sul, até o final de seu mandato, coisa que ele não promete, por entender que não é obra para um governo, mas dois ou mais, os deputados da base aliada irão à tribuna, sem exceção, tirar uma casquinha político-partidária-eleitoral. Na votação dos projetos de aumento de impostos, única alternativa deixada pelo governo Tarso Genro, que assumiu o Estado no azul e o entregou no vermelho, cor indissociável do PT, uma parte dos aliados se somou aos adversários.
A justificativa foi a coerência (como se nunca tivessem votado aumento de impostos!), mas, em verdade, não era nada disso. Foi escolha política, para agradar alguns, que têm muito dinheiro, faturam alto e não queriam ganhar menos por três anos, para colaborar com os interesses de todos. Foi uma demonstração que, para agradar os seus votantes, proteger o carreirismo político e estimular o prestígio pessoal, não pensam duas vezes em viram as costas para o Rio Grande e o seu povo, com impressionante naturalidade e até com voluntarismo constrangedor.
Os políticos são indispensáveis à democracia. Os politiqueiros não – e eles sabem que não -, mas fazem poses de figuras relevantes. Passados 30 anos do fim da ditadura, a democracia brasileira continua frágil, como nos primeiros anos, porque os politiqueiros insistem em atrapalhar os políticos. São muitos os aproveitadores que se servem dos mandatos. São poucos os abnegados que servem aos mandatos. Na votação dos impostos provisórios, para favorecer a luta pelo bem dos gaúchos, os politiqueiros se serviram do caos para agradar uma minoria. Não se utilizaram dos projetos para enfrentar a desgraça e iniciar uma luta para o bem de todos.
Ninguém acredita que aumentar impostos seja solução para mazelas financeiras. Mas ninguém é tolo para propor aumento de impostos, havendo outro caminho para produzir efeitos urgentes. O governo não merece elogios por elevar a carga tributária. Mas merece o reconhecimento por evitar a politicagem, cujo marca é a covardia, a velhacaria, o engodo, a omissão… Merece o reconhecimento por se oferecer à cruz do desgaste para remediar a tragédia, enquanto ganha tempo para buscar soluções permanentes. Algumas, aliás, em andamento. Outras até já foram votadas.
Hoje, o Rio Grande está melhor do que ontem, apesar dos votos contrários – e compreensíveis – da oposição e dos votos contrários – e incompreensíveis – dos aliados. Políticos de meia tigela. Politiqueiros prontos para ajudar em qualquer situação, se a missão for tão fácil quanto empurrar bêbado na ladeira. Politiqueiros prontos para fugir ao desgaste, ainda que a proposta seja viabilizar saída de emergência para os salários, à saúde, à educação, à segurança, aos transportes. Politiqueiro é diferente do político. Não tem grandeza. É descartável. (Clesio Boeira.)
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