Domingo, 01 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 30 de maio de 2025
A partir do próximo ano, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), braço do Ministério da Educação (MEC), irá mudar o fluxo de avaliação dos cursos de educação superior com um modelo trianual em que todos os cursos serão avaliados em três etapas:
* Ano 1: prova do Enade (feita pelos estudantes)
* Ano 2: instituições recebem os resultados do Enade e fazem uma autoavaliação
* Ano 3: avaliação in loco (na instituição de ensino)
Ao final do processo trianual, o ciclo se repete. A exceção fica por conta dos cursos de Medicina e Licenciaturas, que passam a ser avaliados todos os anos.
Todos os cursos serão divididos em três grandes áreas, cada uma delas sendo avaliada em uma das três etapas.
Dessa forma, “todos os anos, todas as áreas serão avaliadas. Algumas pelo Enade, outras na autoavaliação e outras na avaliação in loco”, explica o diretor de Avaliação do Inep, Ulysses Teixeira, durante o Congresso Brasileiro de Educação Superior Particular (CBESP).
Com esse novo fluxo, as visitas in loco deixam de ter um foco regulatório, isto é, para autorização ou reconhecimento de cursos, e passam a ter um foco na avaliação, servindo tanto para regulação como de insumo para políticas públicas.
“Hoje, todas as visitas de avaliação (in loco) estão subordinadas a demandas regulatórias, como um curso que precisa ser reconhecido ou ter seu reconhecimento renovado, e, em geral, levam em consideração os resultados do Enade. Os cursos que ficam com desempenho baixo são visitados no ano seguinte. Nós temos feito um volume de visitas muito alto anualmente, que chega próximo às 10 mil visitas de avaliação (são 46 mil cursos e 2.600 instituições) e, ainda assim, temos olhado um pedaço pequeno dos nossos cursos e das nossas instituições”, explica o diretor do Inep.
Segundo Teixeira, muitas vezes o órgão tem repetido os cursos avaliados no triênio anterior, porque são os mesmos que ficaram com maus desempenhos novamente.
Com a mudança que entrará em vigor em 2026, a ideia é que aumente a variedade de instituições avaliadas, já que todos os cursos passarão a ser visitados, deixando de focar as visitas naqueles com resultados ruins.
“Essa proposta de mudança do fluxo avaliativo vai exigir visitas mais complexas, com mais docentes, com maior duração, e que possam ser espaçadas em um ciclo de três anos. Isso traz uma regularidade na produção dessas evidências educacionais e uma possibilidade de produção muito mais robusta de dados e de monitoramento da qualidade da nossa educação superior”, completa Teixeira.
Na visão da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), que representa as empresas que mantém faculdades particulares, esse novo fluxo criado pelo Inep é positivo já que dá previsibilidade para as instituições.
“As instituições não tinham essa visão para frente (de quando seriam avaliadas), e quando você organiza, como estão propondo, faz com que as instituições consigam se preparar”, diz Paulo Chanan, diretor-geral da entidade, se referindo aos dois anos em que são feitos o Enade e a autoavaliação das instituições antes da avaliação in loco.
Avaliação in loco
O Inep já havia anunciado que as ferramentas usadas pelos profissionais que avaliam os cursos in loco passarão a ser específicas para cada curso.
Hoje, apesar de os avaliadores que realizam as visitas serem profissionais da área, que sabem o que deve ser lecionado e colocado em prática em cada curso, as ferramentas usadas para a avaliação são as mesmas para todas as áreas do conhecimento.
Agora, o Inep já está construindo ferramentas personalizadas para as demandas de cada área, começando com os cursos da área da saúde e da educação.
A entidade que representa as instituições de ensino privadas também enxerga esse aprofundamento do mecanismo de avaliação dos cursos como favorável, uma vez que passa a identificar os pontos fortes de cada faculdade.
“Hoje não tem como destacar ninguém, porque as instituições são avaliadas igual, independente do que ela faz diferente. (A partir do novo fluxo), vai ser possível identificar qual instituição é boa de responsabilidade social, na pesquisa, no ensino”, diz Chanan. As informações são do portal Estadão.