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Por Redação O Sul | 30 de maio de 2017
As infecções provocadas por bactérias resistentes a antibióticos — conhecidas como superbactérias — são apontadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma das principais ameaças para a saúde humana, por isso pesquisadores e laboratórios de todo o mundo buscam novos medicamentos capazes de combater esses micro-organismos. No Scripps Research Institute, em La Jolla, na Califórnia, a equipe do bioquímico Dale Boger conseguiu realizar alterações estruturais na vancomicina, tornando-a mil vezes mais potente e praticamente imune a mutações.
Os médicos podem usar essa forma modificada da vancomicina sem temer o surgimento de resistências — afirmou Boger sobre o estudo publicado nesta segunda-feira no periódico “Proceedings of the National Academy of Sciences”.
Criada em 1954, a vancomicina é uma das principais drogas para o tratamento de infecções bacterianas graves, indicada normalmente após a falha de outras terapias. Contudo, nos últimos anos algumas bactérias começaram a apresentar resistência até mesmo a esse medicamento, considerado última opção para uma série de infecções. Segundo a OMS, é preocupante a existência de cepas resistentes de Enterococcus Faecium e Staphylococcus Aureus circulando.
Mesmo assim, Boger classifica a droga como “mágica” por seu poder comprovado no combate às infecções. E para manter essa eficácia, o pesquisador busca novos mecanismos de ação, executando pequenas alterações químicas em suas moléculas.
O próximo passo será criar uma técnica simplificada para sintetizar a vancomicina modificada. O método atual tem 30 etapas. Mas mesmo que um novo processo não seja desenvolvido, Boger acredita que ainda assim a produção será valiosa, dado o poder da nova droga. (AG)