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Política Investigação sobre desvios da cota parlamentar lança graves suspeitas sobre os deputados federais Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy

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As investigações apontam para um esquema de desvio da cota parlamentar

Foto: Reprodução
As investigações apontam para um esquema de desvio da cota parlamentar. (Foto: Reprodução)

A Polícia Federal (PF) apura se dois deputados do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), líder do partido na Câmara, e Carlos Jordy (RJ), desviaram recursos da cota parlamentar de seus gabinetes.

Os fatos revelados até agora, ainda sob investigação, contrastam com a aura de vestais da moralidade pública com que ambos os parlamentares se recobriram ao longo de suas trajetórias políticas e colocam sob escrutínio versões que, até o momento, não se sustentam à luz do bom senso.

Autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, a operação da PF, deflagrada na sexta-feira passada, cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços dos deputados em Brasília e no Rio. No apartamento de Sóstenes, na capital federal, a PF encontrou R$ 430 mil em espécie.

As investigações apontam para um esquema de desvio da cota parlamentar – criada para financiar atividades inerentes ao mandato – por meio de fraudes envolvendo uma locadora de veículos que é suspeita de ser uma empresa de fachada usada para lavar o dinheiro desviado dos gabinetes.

Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) reforçam a gravidade das suspeitas. Assessores dos dois deputados movimentaram um volume de recursos absolutamente incompatível com seus rendimentos.

No caso de Sóstenes, um único assessor, Adailton Oliveira dos Santos, registrou R$ 11,5 milhões em créditos e R$ 11,5 milhões em débitos. No gabinete de Jordy, um assessor movimentou R$ 5,9 milhões, seguindo a mesma dinâmica. Ao que parece, os recursos apenas passaram pelas contas dos assessores de Sóstenes e Jordy, o que exige explicações de ambos.

Nesse contexto, a reação de Sóstenes, em particular, é um insulto à inteligência alheia, para não dizer um deboche. Em entrevista coletiva, o deputado afirmou que os R$ 430 mil encontrados em sua residência teriam origem na venda de um imóvel, pago em dinheiro vivo pelo comprador. Apenas por um “lapso”, justificou Sóstenes, ele deixou de depositar o valor no banco. Difícil de acreditar.

Ora, quem compra um imóvel hoje em dia pagando centenas de milhares de reais em dinheiro vivo? Quem guarda R$ 430 mil em casa e simplesmente “esquece” de depositar essa quantia?

A explicação remete às práticas consagradas pela família Bolsonaro, tão admirada e apoiada pelo deputado, envolvendo transações imobiliárias em espécie, à margem dos controles próprios do sistema bancário, do Coaf e da Receita Federal.

É preciso registrar, à luz do devido processo legal, que tudo ainda está no terreno das investigações. Nem Sóstenes nem Jordy podem ser considerados culpados de coisa alguma. Mas a presunção de inocência não lhes dispensa do dever de prestar explicações mais respeitosas a toda a sociedade brasileira – não apenas à PF, à Câmara ou a seus eleitores. Tanto um como outro construíram suas personas públicas como expoentes de uma suposta “nova política” que varreria do País a corrupção associada aos governos petistas.

Se o dinheiro tem origem lícita, como alega Sóstenes, bastaria apresentar os documentos referentes ao negócio imobiliário. O que foi vendido? Quem é o comprador? O que diz o contrato? Até agora, nada disso foi mostrado, o que autoriza a suspeita de que uma movimentação dessa magnitude serve para esconder a origem do dinheiro. Não se pode afirmar, neste momento, que seja o caso. Mas tão frágil é a explicação dada pelo parlamentar que não se pode condenar quem suspeite de que se possa estar diante de um crime.

Na falta de respostas convincentes, Sóstenes e Jordy recorreram ao argumento da “perseguição política”, atribuindo a operação ao suposto ânimo hostil do ministro Flávio Dino contra eles. É verdade que o STF tem sido bem mais rigoroso, digamos assim, com representantes da direita, em particular da bolsonarista. Mas rigor institucional não é necessariamente sinônimo de perseguição. Ademais, ser de direita ou bolsonarista não é salvo-conduto para práticas ilícitas.

O que está em jogo nessa investigação vai além do destino judicial de dois parlamentares. Trata-se da credibilidade do Congresso. E até que explicações consistentes sejam apresentadas, o País continuará a fazer perguntas incômodas. (Opinião/O Estado de S. Paulo)

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