Quarta-feira, 30 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 25 de janeiro de 2024
Alvo de um mandado de busca e apreensão, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) foi intimado a prestar depoimento na sede da Polícia Federal (PF), em Brasília. Ele é investigado pela suspeita de fazer parte de um suposto esquema ilegal de monitoramento de desafetos do governo Bolsonaro. Em entrevista à Globonews, ele negou todas as irregularidades e disse que não compareceu à oitiva, pois não foi notificado oficialmente.
“Quando tive acesso ao parecer do MPF [Ministério Público Federal] o que nós vemos é um salada de narrativas, inclusive antigas, e já superadas para me imputar criminalmente sem nenhum conjunto probatório”, afirmou ele na entrevista.
Delegado da PF, ele foi diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) entre 2019 e 2022. Nesse período, um programa secreto chamado First Mile foi utilizado para monitorar a localização de políticos, jornalistas, advogados e adversários do ex-presidente. Ramagem deve ser questionado pelos investigadores se ele autorizou ou tinha conhecimento dessas ações.
Além disso, os investigadores também apuram se a Abin produziu dossiês envolvendo os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e se monitorou o ministro da Educação, Camilo Santana, quando era governador do Ceará.
Autorizada por decisão de Moraes, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão no gabinete dele na Câmara dos Deputados e no apartamento funcional. Além de Ramagem, outros sete policiais federais e três servidores da Abin foram alvos da Operação Vigilância Aproximada, deflagrada nessa quinta. As diligências ocorreram em Brasília (18), Juiz de Fora-MG (1), São João Del Rei-MG (1) e Rio de Janeiro-RJ (1).
Ramagem é homem de confiança do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e foi escolhido por ele para disputar a prefeitura do Rio nas eleições municipais deste ano. Filho 02 de Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro foi definido como coordenador da campanha de Ramagem.
De acordo com a PF, a espionagem ilegal era feita por meio do First Mile, que permite monitorar a localização de alvos pré-determinados através de aparelhos celulares. O caso foi revelado pelo jornal O Globo em março de 2023. O First Mile tinha capacidade de monitorar, sem autorização judicial, os passos de até 10 mil pessoas por ano. Para isso, bastava digitar o número de um contato telefônico no programa e acompanhar num mapa a localização registrada a partir da conexão de rede do aparelho.