Domingo, 09 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de abril de 2023
Em mais uma tentativa de controlar o número cada vez maior de mulheres que estão desafiando o código de vestimenta obrigatório, autoridades iranianas estão instalando câmeras em espaços públicos para identificar e penalizar mulheres sem véu, anunciou a polícia no sábado (8).
Após serem identificadas, as infratoras receberão “mensagens de texto com alertas sobre as consequências”, disse a polícia em um comunicado.
A medida tem o objetivo de “prevenir resistência contra a lei do hijab”, disse o comunicado, publicado pela agência de notícias do Judiciário, Mizan, e outros veículos estatais, acrescentando que esse tipo de resistência mancha a imagem espiritual do país e espalha insegurança.
“Em uma medida inovadora para evitar tensões e conflitos na aplicação da lei do véu, a polícia usará ferramentas e câmeras inteligentes em locais e vias públicas para identificar pessoas (que não usam o hijab)”, apontou o órgão de segurança em comunicado citado pela agência de notícias iraniana Tasnim.
Um número cada vez maior de mulheres iranianas está abandonando o véu desde a morte de uma mulher curda de 22 anos sob custódia da polícia da moralidade no último mês de setembro. Mahsa Amini havia sido detida por violar a lei do hijab. Forças de segurança abafaram a revolta com violência.
Ainda assim, correndo o risco de prisão por desafiarem o código de vestimenta obrigatório, muitas mulheres ainda são vistas sem véus em shoppings, restaurantes, lojas e ruas em todo o país. Vídeos de mulheres sem véu resistindo à polícia da moralidade lotaram as redes sociais.
Nas últimas semanas, as tensões se intensificaram pela falta de uso desta vestimenta, com apelos de clérigos e conservadores para impor o hijab (véu islâmico).
Os Ministérios de Educação e Saúde devem anunciar na segunda-feira, 10, que não permitirão que estudantes frequentem universidades e institutos sem o véu. As autoridades também estão fechando lojas e restaurantes que atendem mulheres descobertas em todo o país.
Intoxicação de meninas
Em outra frente, dezenas de meninas foram intoxicadas em diversas escolas no Irã no sábado (8). Há mais de quatro meses o país vem sofrendo com casos misteriosos de estudantes envenenadas.
Desde novembro, diversas escolas, em grande maioria para o sexo feminino, foram alvo de intoxicações repentinas provocadas por gases ou substâncias tóxicas, que dão mal-estar e desmaios, às vezes seguidos por internações.
Um balanço divulgado em 7 de março apontou “mais de 5.000 estudantes” envenenadas em mais de 230 escolas localizadas em 25 províncias (o país tem 31 províncias). As informações são da agência de notícias Reuters, Efe e AFP.