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Por Redação O Sul | 9 de julho de 2017
O premiê iraquiano, Haider Al-Abadi, proclamou neste domingo (09) a vitória de seu exército em Mossul, a segunda maior cidade do Iraque e que era considerada o último grande reduto do EI (Estado Islâmico) do país.
Segundo o comunicado, Abadi foi a Mossul se encontrar com os soldados, e cumprimentá-los pela vitória. A batalha deixou a cidade em ruínas e matou milhares de civis. A ONU afirma que cerca de 915 mil pessoas fugiram desde outubro de 2016, e 700 mil continuam fora de suas casas. Aos poucos, os sobreviventes tentam retornar às suas residências, e narram cenas de horror vividas nas ruas da cidade.
O EI encontrava-se enfraquecido em Mossul devido aos avanços recentes do exército iraquiano. A operação de retomada da cidade teve início em outubro de 2016 e contou com o apoio de uma coalização internacional liderada pelos Estados Unidos.
Nos últimos dias, militares iraquianos vinham afirmando que uma vitória contra o EI na região era iminente. Extremistas do grupo, no entanto, prometiam “lutar até a morte”.
“O Estado fictício deles caiu”, afirmara o brigadeiro-general Yahya Rasul, porta-voz do Exército iraquiano, no fim de junho. Ao destruírem a emblemática mesquita Al Nuri, no centro de Mossul, também em junho, os extremistas sinalizaram que já davam a batalha como perdida. O EI negou ser responsável pela ação e culpou um bombardeio dos EUA pela derrubada.
Crise humanitária
Neste sábado (08), soldados iraquianos já comemoravam entre os destroços às margens do rio Tigre, sem esperar uma declaração formal de vitória, alguns dançando ao som da música que tocava em um caminhão e outros atirando para o alto.
O clima estava menos festivo, no entanto, entre os aproximadamente um milhão de habitantes de Mossul deslocados por meses de combates, muitos dos quais estão vivendo em acampamentos no lado de fora da cidade, com pouca proteção do calor do verão.
“Se não houver reconstruções, e as pessoas não voltarem para suas casas e recuperarem seus pertences, qual o significado da libertação?”, disse o vendedor Mohammed Haji Ahmed, 43, à agência de notícias Reuters.
Milhares de pessoas fugiram de Mossul desde o início da operação, agravando a crise humanitária no Iraque. Há quase três anos, líderes do grupo extremista declaram, de Mossul, um “califado”, juntando partes do Iraque e da Síria.
Além de sofrer derrotas no Iraque, o EI é alvo de uma ofensiva em Raqqa, sua autoproclamada capital na Síria. A perda progressiva de territórios deve enfraquecer a milícia, reduzindo sua capacidade de obter recursos financeiros e de recrutar combatentes.
Mossul, cidade que acaba de ser libertada pelo Exército iraquiano, os mais fracos pagam a sua sobrevivência a preços elevados. (AG e Folhapress)