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Mundo Israel doa doses a aliados e acirra o debate sobre a diplomacia da vacina

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Órgão israelense contesta postagens nas redes sociais. (Foto: Reprodução)

O governo israelense se comprometeu a enviar milhares de vacinas contra o coronavírus para aliados estrangeiros, reacendendo o debate sobre as responsabilidades de Israel para com os palestinos que vivem sob sua ocupação.

Na terça-feira (23), os governos da República Tcheca e de Honduras confirmaram que Israel havia prometido a cada um deles 5 mil doses da vacina da Moderna. A mídia israelense informou que Hungria e Guatemala receberiam um número semelhante, mas os governos húngaro e israelense não quiseram comentar, enquanto o governo guatemalteco não respondeu a um pedido de comentário do The New York Times.

As doações são o exemplo mais recente de uma nova expressão de soft power: a diplomacia da vacina, em que países ricos com vacinas sobrando buscam recompensar ou influenciar aqueles que têm pouco acesso a elas.

Lutando por influência na Ásia, China e Índia doaram milhares de doses de vacinas aos seus vizinhos. Os Emirados Árabes Unidos fizeram o mesmo por aliados como o Egito. Na semana passada, Israel até prometeu comprar dezenas de milhares de doses em nome do governo sírio, um inimigo de longa data, em troca do retorno de um civil israelense detido na Síria.

As vacinas distribuídas na terça foram dadas sem condições, mas elas recompensam tacitamente os gestos recentes dos países receptores que aceitaram implicitamente a soberania de Israel em Jerusalém, disputada por israelenses e palestinos.

A Guatemala mudou sua embaixada para Jerusalém, enquanto Honduras se comprometeu a fazê-lo. A Hungria montou uma missão comercial em Jerusalém, enquanto a República Tcheca prometeu abrir um escritório diplomático lá.

Israel deu pelo menos uma injeção da vacina de duas doses, fabricada pela Pfizer, para pouco mais da metade de sua própria população de nove milhões de habitantes — incluindo pessoas que vivem em assentamentos judeus nos territórios palestinos ocupados — tornando-se líder mundial em vacinação. Com o estoque excedente da vacina fabricada pela Moderna, o governo israelense busca fortalecer suas relações internacionais. A decisão revolta palestinos, que não receberam uma única dose da vacina.

O governo israelense afirma que a Autoridade Palestina recebeu a responsabilidade de organizar seu próprio sistema de saúde na década de 1990, após a assinatura dos Acordos de Oslo que deram à liderança palestina autonomia limitada em partes dos territórios ocupados.

Israel deu 2 mil doses de vacinas à Autoridade Palestina e prometeu mais 3 mil — números simbólicos, dado o tamanho da população palestina. E embora Israel tenha insinuado que mais pode vir, ainda não formalizou quaisquer detalhes.

“Algumas semanas atrás, houve dúvidas sobre se tínhamos vacinas suficientes para nosso próprio povo”, disse Mark Regev, um assessor do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu. “Agora que parece que sim, podemos ser mais francos com nossos vizinhos.”

Regev acrescentou: “O vírus não vai parar na fronteira e temos um interesse muito forte que os palestinos possam estar vacinados”.

Mas na noite de terça, um oficial de segurança israelense disse que o departamento militar que coordena as ações entre Israel e a liderança palestina ainda não havia recebido autorização do governo para entregar mais vacinas à Autoridade Palestina.

Entidades de direitos humanos dizem que Israel deve organizar um programa sistemático de vacinas nos territórios ocupados, em vez de distribuir esporadicamente algumas milhares de doses de cada vez. Eles citam a Quarta Convenção de Genebra, que obriga uma potência ocupante a se coordenar com as autoridades locais para manter a saúde pública dentro de um território ocupado, inclusive durante epidemias.

Os grupos de vigilância também observam que o governo israelense não apenas controla todas as importações para a Cisjordânia e Gaza, mas também, em recentes apresentações ao Tribunal Criminal Internacional, contestou as reivindicações palestinas de um Estado soberano.

“É um sistema de opressão”, disse Salem Barahmeh, diretor-executivo do Instituto Palestina para Diplomacia Pública, um grupo de defesa com sede em Ramallah.

“Isso diz muito sobre um regime”, acrescentou Barahmeh, “que está disposto a enviar vacinas para o outro lado do mundo, potencialmente por uma troca, e não oferecer a vacina aos milhões de palestinos que vivem sob o regime israelense.”

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