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Mundo Jato de fuga do executivo franco-brasileiro Carlos Ghosn também transportou ouro venezuelano

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Jato Bombardier Global Express, registrado como TC-TSR, foi um dos utilizados por Ghosn na fuga do Japão para o Líbano.

Foto: MNG Jet
Jato Bombardier Global Express, registrado como TC-TSR, foi um dos utilizados por Ghosn na fuga do Japão para o Líbano. (Foto: MNG Jet)

Quer transportar toneladas de ouro ou levar um ditador a um lugar seguro? Precisa tirar um executivo da prisão domiciliar e transportá-lo clandestinamente para o outro lado do mundo? A empresa escolhida por Carlos Ghosn para sua audaciosa fuga do Japão foi uma operadora de voos charter turca cujas aeronaves ajudaram a fazer tudo isso e muito mais.

Dois aviões operados por uma unidade da MNG Holding, um conglomerado com serviços de hotelaria, finanças e transporte, fizeram a rota tortuosa de Osaka para Istambul e depois Beirute, transportando secretamente Ghosn para seu país de origem, segundo uma autoridade turca.

Embora os detalhes ainda estejam sendo revelados, a dramática fuga chama a atenção para a empresa e para o mundo privado dos voos charter. O governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, usou aeronaves da MNG para enviar ouro para Istambul. Reza Zarrab, um trader de ouro que violou as sanções dos EUA ao Irã, recorreu à empresa para administrar seu avião particular.

Os jatos fretados oferecem aos clientes uma capa de privacidade. Os aviões geralmente pertencem a um grupo, mas são operados e administrados por uma empresa especializada. Ainda assim, é possível rastrear os números e registros da cauda, parcialmente quebrando o sigilo. Foi assim que o nome da MNG surgiu na trama de Ghosn.

“Tenho certeza de que estão no radar de todos agora”, disse Michael Burton, advogado especializado em direito do comércio internacional.

A MNG Jet diz que os clientes podem fazer o que quiserem com a aeronave fretada, desde que não seja ilegal. No entanto, a empresa afirmou que abriu um processo criminal relacionado aos voos de Ghosn que, segundo a MNG Jet, significaram “o uso ilegal de seus serviços de fretamento de jatos”.

“Da mesma forma que uma agência de aluguel de carros, a MNG Jet aluga aviões e não se responsabiliza pelo que os passageiros fazem com eles”, escreveu a empresa em resposta por e-mail a perguntas. “De acordo com o código da aviação internacional, não é papel, responsabilidade e direito da MNG Jet investigar as razões por trás das viagens ou verificar o conteúdo da bagagem transportada pelos passageiros nos aviões”.

Uso ilegal de jatos

A Turquia prendeu sete pessoas, incluindo quatro pilotos, e está investigando o transporte de Ghosn.

A MNG possui uma importante unidade de carga que faz negócios com clientes como UPS e DHL. Essa unidade, a MNG Airlines, presta serviços para Rússia, China, Cazaquistão, Alemanha, Reino Unido e Oriente Médio. Uma afiliada de menor porte, a MNG Jet, opera pelo menos meia dúzia de aeronaves no Aeroporto Ataturk de Istambul.

A empresa disse que alugou dois jatos para dois clientes diferentes: um programado para voar de Dubai a Osaka e depois para Istambul, e outro de Istambul a Beirute. A empresa acrescentou que os contratos de fretamento não pareciam estar conectados e que o nome de Ghosn não aparecia em nenhuma documentação de voo. A MNG não forneceu os nomes nos contratos.

Segundo a empresa, um funcionário da MNG Jet, que está sendo investigado pelas autoridades turcas, “admitiu que falsificou os registros”. Ele também “confirmou que agiu por contra própria, sem o conhecimento ou a autorização da administração da MNG Jet”, disse a empresa.

Quando Ghosn embarcou em uma das aeronaves da empresa em Osaka, ele se tornou o mais recente passageiro em um jato que foi seguido meticulosamente no último ano por detetives amadores. O jato fez várias viagens de Caracas a Istambul, transportando ouro para o governo venezuelano, ansioso por arrecadar divisas, segundo uma pessoa a par do assunto. Essas rotas foram confirmadas pelo flightradar24.com, com sede na Suécia.

O Bombardier Global Express, registrado como TC-TSR, tem “assentos VIPs para 13” e autonomia de 6 mil milhas. Antes, durante a primavera, ele fez um voo para a Venezuela, mas aparentemente não para o transporte de ouro. Ele foi despachado de Moscou para Caracas quando, no dia 30 de abril, um levante contra Maduro deu início a conversas sobre uma fuga. O Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, afirmou que o plano era transportar Maduro em segurança para Cuba, mas que os russos o persuadiram a ficar.

Muitas semanas depois, o mesmo jato transportou autoridades venezuelanas para Oslo, para negociações com líderes da oposição, segundo fontes com conhecimento sobre o tema. O governo deu ao avião uma designação especial que o permitia evitar a imigração e a segurança no aeroporto de Caracas.

A companhia é apenas uma do império fundado por Mehmet Nazif Gunal, um engenheiro civil nascido na Turquia. De uma construtora criada na década de 1970, Gunal expandiu pelo Oriente Médio e hoje emprega mais de 20 mil pessoas. Ele também controla a Avesoro Holdings, que minera ouro na Libéria e em Burkina Faso.

Gunal também parece ter uma admiração pela Rússia. Seu conglomerado construiu um resort na costa da Turquia com 874 quartos, chamado Asteria Kremlin Palace, uma réplica do edifício original em Moscou com piscinas no lugar da Praça Vermelha. Ele prosperou na era Erdogan, sendo parte do consórcio que construiu o novo aeroporto de Istambul.

E foi um concorrente da MNG que se envolveu num incidente que se tornou famoso há sete anos. Na véspera de Ano Novo de 2012, agentes da imigração turca abordaram um Airbus A330 em Istambul e encontraram uma tonelada e meia de ouro não declarado. O avião era operado pela ULS Airlines.

Posteriormente, Zarrab confirmou que o carregamento era parte de um esquema maior para canalizar bilhões de dólares para o Irã em troca de carregamentos de petróleo, em violação a sanções impostas pelos EUA. O avião privado de Zarrab foi confiscado pelas autoridades turcas num hangar da MNG.

E quando Ghosn desembarcou em Istambul para a perna final de sua jornada para Beirute, ele embarcou no avião que pertenceu a Zarrab. Aquele Bombardier Challenger 300, registrado como TC-RZA, ainda é operado pela MNG.

 

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