Sexta-feira, 29 de março de 2024
Por Redação O Sul | 19 de dezembro de 2018
A Polícia Civil e o Ministério Público de Goiás receberam uma denúncia de que o médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, pode ter ligação com um negócio de falsas pedras preciosas. A informação chegou à força-tarefa por meio de uma testemunha, mantida em sigilo, e gerou a abertura de um novo inquérito.
A força-tarefa, no entanto, só deve priorizar os abusos sexuais nas próximas semanas. Neste momento, promotores e policiais estão focados na investigação das denúncias de abuso sexual contra o médium.
Se a suspeita for confirmada, João de Deus pode responder também por estelionato. Questionado sobre o assunto em seu depoimento no domingo (16), o líder religioso negou participação em algum esquema venda de falsas pedras preciosas.
O médium é conhecido por atuar no ramo do garimpo, extração e lapidação de pedras. Alguns desses cristais são oferecidos, inclusive, a seus seguidores na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), onde ele fazia atendimentos espirituais antes de ser preso.
João de Deus cumpre prisão preventiva no Complexo Penitenciário de Aparecida de Goiânia desde domingo, quando se entregou à Polícia. Segundo seus defensores, ele está abatido por ter diversos problemas de saúde e ter dormido num colchão no chão em uma das noites.
Acusações
Os casos de supostos abusos cometidos por João de Deus começaram a se tornar públicos no sábado (8), após 13 supostas vítimas relatarem violações à TV Globo e ao jornal O Globo.
Na segunda (10), Aline Sales, 29, contou à Folha de S.Paulo que esteve na casa dom Inácio em 2012, foi levada para um banheiro, posta de costas e que João de Deus colocou a mão dela em seu pênis.
Desde então, a força-tarefa montada pelo Ministério Público de Goiás recebeu 506 relatos de supostos abusos cometidos pelo médium. A maioria chegou por e-mail e as denunciantes estão sendo chamadas a prestar depoimentos.
Na última sexta (14), a Justiça decretou a prisão preventiva do médium. Ele ficou escondido num sítio na zona rural de Abadiânia até se entregar na tarde de domingo e ser levado para a prisão em Aparecida de Goiânia.
Mudança de cela
João de Deus foi transferido na segunda (17) para uma cela ao lado da que dividia com três advogados no núcleo de custódia do complexo penitenciário de Aparecida de Goiânia. A mudança se deve à chegada de um quarto advogado à prisão. Ele foi alojado junto com os demais colegas de profissão e o médium, realocado.
A nova cela de João de Deus tem 7,5 metros quadrados. É o espaço de uma enfermaria desativada.
Como não tem banheiro, o ele continua usando o do recinto vizinho. Há apenas uma cama de metal com colchonete e um armário. O cômodo não tem janela, só uma porta que dá acesso ao corredor do pavilhão.