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Brasil João de Deus, um ano depois: 13 denúncias, 319 vítimas, 4 décadas de abusos

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A promotoria de Goiás considera este o maior caso de abuso sexual do Brasil. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Em um ano, 13 denúncias foram feitas, duas delas por posse ilegal de armas, e 11 envolvendo 57 vítimas cujos crimes de abuso sexual não prescreveram . Mais de 300 mulheres tiveram seus depoimentos tomados pelo Ministério Público e pela Polícia Civil, em casos de estupro que vão de 1973 a 2018, quando o médium João Teixeira de Faria foi preso.

A promotoria de Goiás, que centraliza as denúncias, considera este o maior caso de abuso sexual do Brasil, quiçá do mundo, pelo espaço de tempo — 45 anos — e número de vítimas — 319, entre as prescritas e não prescritas registradas até agora pelo MP. Mas estima-se que, somado este número ao de mulheres que não procuraram a Justiça — entre outras razões, por temer retaliações —, a quantidade de vítimas chegue a quatro dígitos.

Preso preventivamente desde o dia 16 de dezembro do ano passado, João Teixeira de Faria nega os abusos. Em nota, o advogado de defesa Anderson Van Gualberto de Mendonça afirma que “João de Deus mantém a sua versão inicial sobre os fatos: não praticou crime sexual contra nenhuma mulher”.

Questionado se o médium se lembra das mulheres que o acusam, o advogado diz que “não seria possível lembrar de qualquer mulher que o acusa, pois atendia semanalmente em média de 8 a 10 mil pessoas”. A defesa já entrou com diversos pedidos de habeas corpus para liberá-lo da cadeia, em Aparecida de Goiânia — um deles foi negado pelo Superior Tribunal de Justiça na semana passada. Segundo Van Gualberto, a “decisão monocrática foi alvo de recurso ao plenário, para que o tribunal se manifeste de forma colegiada”.

‘Alento necessário’

Na decisão de 2 de dezembro, o ministro Nefi Cordeiro diz que “justifica a prisão preventiva a verificação de circunstâncias reveladoras de uma gravidade acentuada do delito, evidenciada na periculosidade do agente que pratica atos libidinosos com vulneráveis, colhendo material fotográfico para compartilhamento na rede mundial de computadores”.

Pelo fato de o processo correr em sigilo, o Ministério Público não comenta o registro em fotografias dos crimes sexuais, informação que ainda não tinha vindo a público. Segundo a defesa, “a informação está equivocadamente inserida no corpo do voto, pois não existe nada a esse respeito em nenhum dos seus processos”.

O ministro cita ainda uma decisão anterior, que cravava: “Não se pode olvidar a situação das vítimas, especialmente as relacionadas no caso ora apreciado, que, diante dos traumas advindos da violência sexual que sofreram por parte do agressor e da dificuldade que tiveram em romper o silêncio em relação a esses abusos, veem na segregação do recorrido o alento necessário para a efetiva superação dos efeitos nefastos que tais crimes trouxeram para suas vidas”.

Outro alento para as vítimas, no entanto, ainda não foi conquistado: o fechamento da Casa de Dom Inácio de Loyola , em Abadiânia, interior de Goiás. O endereço, local de todos os crimes sexuais registrados, segue em funcionamento, recebendo fiéis em correntes de oração que acontecem de quarta a sexta, semanalmente.

Mas, se antes a casa atendia mais de 2 mil visitantes num só dia, hoje eles não passam de cem. Abadiânia, lugar que se fez, a partir dos anos 1970, em torno das riquezas do médium, hoje mais parece uma cidade fantasma.

Das mais de 70 pousadas criadas para receber os turistas espirituais, sobreviveram cinco. Restaurantes, cafés e lojas que restaram abertos passam a maior parte do dia às moscas. Na avenida que leva à Casa de Dom Inácio, são mais frequentes as placas de “passa-se o ponto” do que as portas abertas ao comércio. A prefeitura busca soluções financeiras para recolocar as centenas de moradores que perderam seus trabalhos após as denúncias.

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