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Por Redação O Sul | 29 de julho de 2015
Uma semana depois de o governo anunciar redução na meta de economia para o ano, o BC (Banco Central) elevou nessa quarta-feira a Selic (a taxa básica de juros da economia) em mais 0,5 ponto percentual, resultando em correção anual de 14,25%.
Foi a sétima alta consecutiva, que atingiu o maior patamar em nove anos desde agosto de 2006, quando a taxa também estava em 14,25%. A decisão tomada por oito dos nove diretores do BC era esperada pelo mercado. Em nota, a instituição comunicou que os juros deverão permanecer no novo patamar por período prolongado para garantir a convergência da inflação à meta no fim de 2016.
Em iniciativa inédita, o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Tony Volpon, não participou da reunião que reajustou a Selic. O dirigente preferiu não ir após suas declarações sobre juros que geraram polêmica na semana passada. Volpon descartou em apresentação a investidores a possibilidade de votar por redução dos juros até que a projeção da instituição apontasse para inflação no centro da meta de 4,5%.
Analistas de mercado e parlamentares avaliaram que o diretor antecipou o voto no Copom (Comitê de Política Monetária). Ontem, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), defendeu a demissão de Volpon. Em nota, o BC informou que compreendeu a atitude do dirigente de não participar do encontro e que havia acolhido os esclarecimentos dados por ele sobre o caso.
RITMO DO APERTO
Há duas semanas, parte dos economistas ainda cogitava a possibilidade de o BC reduzir o ritmo de aperto dos juros, optando por uma alta de 0,25 ponto percentual após seis aumentos de 0,5 ponto percentual, diante da retração da econômia e da melhora das expectativas de inflação para o próximo ano.
A resolução do governo de reduzir a meta de superávit primário de 1,1% do PIB (Produto Interno Bruto) para no máximo 0,15%, com risco de déficit, reforçou, no entanto, a projeção de aperto maior.
Em meio às preocupações dos investidores com a trajetória da dívida pública, a diminuição da meta da economia também alimentou a alta do dólar, o que tem efeito inflacionário. (Folhapress)