Domingo, 19 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de novembro de 2020
Arce durante discurso de posse.
Foto: Reprodução/TwitterLuis Arce, eleito presidente da Bolívia, tomou posse neste domingo (8), ao lado do vice David Choquehuanca. Em seu discurso de posse, Arce pregou a união, exaltou a democracia e afirmou que é o “início de uma nova etapa na história do país”.
Arce, ex-ministro de Morales, é considerado o “cérebro” das reformas econômicas. Ele obteve 55,1% dos votos válidos contra seuprincipal rival na disputa, o ex-presidente Carlos Mesa, que atingiu 29% dos votos, e se recusou a reconhecer a derrota.
A cerimônia de posse ocorreu um ano após a renúncia de Evo Morales, que ficou quase 14 anos no poder. Arce, ao assumir, marca o retorno ao poder do Movimento ao Socialismo após a renúncia do ex-presidente em 2019 em meio a uma forte convulsão social.
Em seu discurso de posse, Arce, abordou o triunfo da democracia através do voto e ressaltou que os eleitores escolheram a paz e a estabilidade.
“A partir de 10 de novembro de 2019, depois de 21 dias em que se escamoteou a vontade popular expressada nas urnas, Bolívia foi cenário de uma guerra interna e sistemática contra o povo, especialmente os mais humildes”, disse Arce.
“Se espalhou morte, medo e discriminação. Encrudesceu o racismo e se usou a pandemia para prorrogar um governo ilegal e ilegítimo”, afirmou. “Não é o ódio que impulsiona nossos atos, mas uma paixão pela Justiça”, completou.
História
“Este 8 de novembro de 2020 iniciamos uma nova etapa na nossa história, e queremos fazer um governo que seja para todas e para todos,s em discriminação de nenhuma natureza”, declarou o presidente empossado.
“Bolívia inicia um novo tempo. Agradecemos às mulheres e aos homens bolivianos que de todo o país nos acompanham na ascensão ao comando presidencial”, escreveu Arce no Twitter.
Arce também lembrou a pandemia e disse que o país retrocedeu em relação a conquistas recentes, com queda do Produto Interno Bruto de 11%. Ele ainda acusou o governo provisório de má gestão durante a crise econômica provocada pelo coronavírus.
O vice-presidente David Choquehuanca fez seu discurso antes de Arce. Em sua fala, citou os indígenas da Bolívia e os povos originários e pregou a união, falando sobre “conciliar ideias da direita e da esquerda”.
Evo Morales, exilado na Argentina, escreveu no Twitter que “é um dia histórico” o da posse de Arce.
“Hoje, 8 de novembro, é um dia histórico para a posse de @LuchoXBolivia e a recuperação da democracia exatamente um ano após o motim policial em 8 de novembro de 2019. Vencemos a batalha apenas com a consciência do povo, sem violência”, escreveu.
Morales declarou que voltará à Bolívia na segunda-feira (9), esperando não haver problemas jurídicos na sua entrada no país. Sua renúncia ocorreu em meio a uma mobilização social que, somada ao motim de grande parte dos policiais bolivianos e ao pedido de renúncia feito pelas Forças Armadas, acabou por destituí-lo do poder.
Líderes presentes na posse
Entre os chefes de estado que acompanharam a cerimônia estiveram o presidente da Argentina, Alberto Fernández, o chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Yavad Zarif, que também já se reuniu com Arce e Choquehuanca, e o rei espanhol Felipe VI, ao lado do vice-presidente e líder do Podemos, Pablo Iglesias. Também foi enviada à cerimônia uma delegação dos Estados Unidos (EUA) chefiada pelo subsecretário da Fazenda para Assuntos Internacionais, Brent Mclntosh.
Participaram ainda Iván Duque, presidente da Colômbia; Mario Abdo Benítez, presidente do Paraguai; e o ex-presidente do Panamá, Martín Torrijos, também eram esperados, assim como Wálter Martos, chefe do Conselho de Ministros do Peru, Francisco Carlos Bustillo e Andrés Allamand, chanceleres do Uruguai e do Chile, respectivamente.