Terça-feira, 21 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 20 de outubro de 2025
A escolha de Boulos visa melhorar a relação com os movimentos sociais, já de olho na eleição presidencial de 2026.
Foto: Ricardo Stuckert/PRO presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta segunda-feira (20) o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, pasta responsável pela relação do governo com os movimentos sociais.
A decisão foi comunicada ao ministro nesta tarde, durante uma reunião no Planalto, que durou cerca de 1h30. Boulos substitui o ex-deputado Márcio Macêdo (PT-SE), que estava no cargo desde o começo do terceiro mandato de Lula, em janeiro de 2023.
Após o anúncio, Lula publicou uma foto ao lado de Boulos e Macêdo. A escolha de Boulos visa melhorar a relação com os movimentos sociais, já de olho na eleição presidencial de 2026 — o novo ministro construiu sua carreira como uma das principais lideranças do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).
Ao ir para o ministério, a tendência é que Boulos desista da reeleição como deputado para permanecer no governo no período eleitoral. Em março de 2026, ministros que pretendem concorrer terão de deixar os cargos, conforme determina a legislação eleitoral.
A Secretaria-Geral é um dos cinco ministérios que funciona no Palácio do Planalto, o que facilita o acesso ao presidente. A mudança abre espaço ao PSOL no palácio e retira um ministério da cota do PT.
Novo ministro
Aos 42 anos, Boulos é um dos principais nomes da esquerda no País e político de maior força eleitoral do PSOL. Paulistano, formado em Filosofia e mestre em Psiquiatria, é professor e psicanalista. Boulos foi candidato à Presidência da República em 2018 e à prefeitura de São Paulo em 2020 e 2024, perdendo as três eleições. Em 2022, ele concorreu a deputado federal e foi o candidato mais votado de São Paulo, com 1 milhão de votos.
O novo ministro, que se tornou liderança do MTST, tem entre suas bandeiras políticas a reforma urbana e a melhoria da oferta de moradia.
Macêdo
Ex-deputado federal, Márcio Macêdo assumiu a Secretaria-Geral em janeiro de 2023. Ele foi um dos vice-presidentes do PT, coordenou caravanas antes e depois da prisão de Lula, atuou na vigília em Curitiba e foi o tesoureiro da campanha do presidente em 2022.
Em dois anos e nove meses como ministro, Macêdo fez a articulação com movimentos sociais. No ano passado, organizou o G20 Social no Rio de Janeiro, evento que antecedeu a cúpula de chefes de Estado e de governo do grupo das principais economias do mundo.
Macêdo foi alvo de críticas em 2024, quando Lula reclamou publicamente do baixo quórum de um evento do Dia do Trabalhador em São Paulo, organizado por central sindicais.
Dança das cadeiras
Com a nomeação de Guilherme Boulos para o comando da Secretaria-Geral da Presidência, quem assume a vaga na Câmara é o físico Ricardo Galvão (Rede-SP), ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e ex-presidente do CNPq. Galvão ganhou projeção nacional em 2019, quando enfrentou Jair Bolsonaro ao defender os dados do Inpe sobre o avanço do desmatamento na Amazônia, episódio que levou à sua saída do cargo.
Naquele ano, Bolsonaro havia acusado o Inpe de divulgar “números mentirosos” sobre o desmatamento. Galvão reagiu em público, afirmando que os dados eram técnicos, auditáveis e produzidos por servidores de carreira.
Natural de Itajubá, no Sul de Minas, Galvão formou-se em Engenharia de Telecomunicações pela Universidade Federal Fluminense, fez mestrado na Unicamp e doutorado em Física de Plasmas pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. Construiu carreira no Instituto de Física da USP, onde se tornou professor titular e coordenou projetos de pesquisa em fusão nuclear. Também dirigiu o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, presidiu a Sociedade Brasileira de Física e integra a Academia Brasileira de Ciências.
Em 2023, foi nomeado por Lula para presidir o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com a missão de recuperar o orçamento da pesquisa após anos de estagnação e cortes. À frente da instituição, defendeu a recomposição das bolsas, a ampliação da participação feminina na ciência e a valorização das universidades como polos de inovação. Agora, aos 77 anos, assume seu primeiro cargo eletivo.