Segunda-feira, 26 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 25 de maio de 2025
O presidente Lula (PT) afirmou neste sábado (24) que vai “fazer política” e andar pelo país a partir do próximo mês para combater o que chamou de “mentira”, “canalhice” e “fake news”.
As declarações ocorreram durante viagem ao interior de Mato Grosso para cerimônia de lançamento do programa Solo Vivo, que prevê recuperar áreas de solo degradado e fortalecer a agricultura familiar, segundo o governo.
“No mês que vem, vou fazer política nesse país. No mês que vem, vou começar a andar esse país porque acho que chegou a hora de a gente assumir a responsabilidade de não permitir que a mentira, a canalhice, a fake news, ganhe espaço e que a verdade seja soterrada nesse país”, afirmou o presidente.
Ele continuou: “Nós fazemos parte daquele tipo de político que pelo menos não quer perder o direito de andar na rua de cabeça erguida. Fui criado por uma mãe analfabeta, e a coisa que ela mais exigia da gente é que a gente não mentisse e que a gente respeitasse os outros”.
As falas ocorrem após Lula viver turbulências intensificadas por publicações da oposição nas redes sociais. Nesta semana, o governo correu contra o tempo para anunciar o recuo em mudanças no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) por temer a repetição da traumática experiência da crise do Pix, em janeiro.
À época, a disseminação de informações distorcidas sobre taxação de operações feitas pelo sistema invadiu as redes sociais e afetou a popularidade do presidente.
Neste sábado, Lula defendeu discutir no Congresso Nacional a regulação das plataformas. “É preciso que a gente discuta com o Congresso Nacional a responsabilidade de regular o uso das empresas nesse país. Não é possível que tudo tenha controle, menos as empresas de aplicativos.”
Em outro momento, o presidente falou em uma “obrigação moral” de fazer com que a verdade derrote a mentira no país.
O petista associou o quadro atual a “gente maldosa”, “agressiva”, “que não respeita adversário” e “que não sabe viver democraticamente”, embora não tenha citado o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu principal rival.
Além de defender a discussão sobre a regulação das redes sociais, Lula também citou a proibição de celulares em escolas. “Senão, ninguém presta atenção na aula”, afirmou.
Cerimônia tem vaias a governador bolsonarista
O presidente visitou o assentamento Santo Antônio da Fartura, no município de Campo Verde (a cerca de 130 km de Cuiabá). A agenda também teve entrega de chaves de máquinas agrícolas.
Lula esteve acompanhado por ministros e políticos locais, incluindo o governador de Mato Grosso, o bolsonarista Mauro Mendes (União Brasil).
Sentado ao lado do presidente, Mendes foi alvo de vaias em mais de uma ocasião durante a cerimônia. Também ouviu gritos de “Mauro, faz o L”, uma referência do público à letra inicial de Lula.
O governador apoiou Bolsonaro nas eleições de 2022 e participou nos últimos meses de manifestações de apoiadores do ex-presidente por anistia a envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
Sem mencionar as vaias ao governador, Lula disse que “a gente tenta passar para a sociedade a ideia de uma governança civilizada”.
“Essa governança civilizada faz com que pessoas de diferentes posições ideológicas se encontrem, participem de atos juntas, se confraternizem. Depois cada um volta para sua atividade, volta para sua vida normal e, quando chega a campanha, cada um escolhe o partido que quiser e é candidato”, afirmou.
Outro nome presente na cerimônia, o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante, fez um discurso com elogios a Mendes, procurando destacar projetos desenvolvidos em parceria com a gestão estadual, incluindo em rodovias.
Mercadante afirmou que o banco repassará R$ 5,9 bilhões para melhorias na BR-163 e disse que Lula prega uma forma “republicana” de trabalho com “qualquer prefeito ou governador”.
O presidente do BNDES, contudo, causou constrangimento ao ironizar, diante de Mendes, o episódio em que um apoiador de Bolsonaro se pendurou em um caminhão após a eleição de 2022. Ele foi apelidado de “patriota do caminhão”.
“Na próxima eleição, já vai poder [se] pendurar num caminhão, vai ter segurança. Não é recomendado, vai ter segurança, [a rodovia] vai estar asfaltada, vai ter pista dupla. Pode andar. Agora, se pensar um pouquinho, ele vai andar de caminhão para dizer que presidente é Lula”, afirmou Mercadante.
Em seu discurso, Mendes exaltou sua própria gestão e parabenizou Lula pelas ações direcionadas ao estado. Ao mencionar grandes produtores rurais, recebeu vaias do público. As informações são do portal Folha de São Paulo.