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Colunistas Lula livre

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Essa será a segunda viagem internacional de Lula desde que ele saiu da prisão. (Foto: Joka Madruga/Agência PT)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Dizem que com Lula livre vai aumentar a polarização no parlamento, na mídia, nas redes sociais. É possível. Mas é cada vez menor o número de pessoas dispostas a participar dessa alegoria que, tantas vezes, escancara a semelhança entre os adversários, nos métodos de atuação, nas estatísticas manipuladas, nos exageros retóricos, nas mentirinhas ditas com ar de inocência e nas grandes mentiras ditas com ar solene.

Um dia o modelito de cara feia e feição irada, de sangue nos olhos e espuma na boca, exibido pelas duas facções, vai esgotar – ao final e ao cabo todos estarão exauridos da batalha inglória, em que ninguém está certo e todos têm razão. Ou isso, ou então a barbárie, a luta fratricida, a guerra civil.

A raiz desse dilema que nos tem consumido está no antagonismo ensaiado do discurso e da prática ideológica. A esquerda precisa da sua contrafacção à direita e vice-versa. Lula precisava das “elites” para combater, do “nós contra eles” como uma bandeira a desfraldar ao embate mais vulgar. A “ideologia” do lulopetismo era carregada de contradições, mas em política é sempre necessário “criar a narrativa”, isto é, a versão simplória para dar, distribuir e vender, de tal sorte que as massas, incultas, desatentas, facilmente manipuláveis, com ela se identificasse todos os dias, principalmente no dia da eleição e do voto da urna.

E Bolsonaro, a direita, de que modo se conduziram, e agora no governo, se conduzem? De forma igual, mas de sinais trocados, trasmudando o bem e o mal de posição, e botando a culpa de todas as mazelas nos inimigos supostos – as esquerdas, os sindicatos, as universidades, as causas identitárias, os movimentos sociais.

Nenhum deles se ocupou de aparar arestas, propor a paz e o entendimento, ainda que sem abdicar da luta política e das convicções de cada um. Nenhum deles se empenhou em apresentar um projeto nacional, em torno de uma base comum – como seria um plano para a educação, a saúde, a segurança pública, a eliminação da pobreza.

Todos andaram ocupados no elogio dos próprios méritos e na crítica aos adversários, agora transformados em inimigos inconciliáveis. Todos priorizam a tarefa de denunciar as práticas viciosas e as falcatruas alheias. E todos estão de olho na próxima eleição, como já se vê em Bolsonaro, antes de completar um ano de governo.

Todos se acham o máximo, se têm em alta conta, mas mal conseguem divisar que caminhamos trôpegos, derrapando em cada curva da estrada. Caminhamos de lado como caranguejos, enquanto são cometidos 50 mil homicídios por ano, nos morros e periferias das grandes cidades, nas cadeias infectas do país, dos quais apenas 20% se sabe a autoria.

No ínterim, morrem por ano outros 50 mil concidadãos em acidentes de trânsito, e sabe-se lá mais quantos nos hospitais onde faltam médicos, equipamentos e remédios. Voltam para casa todos os dias 12 ou 13 milhões de brasileiros moídos de cansaço e frustração pelo tempo perdido na busca do emprego que tanto precisam.

Enquanto isso, o presidente chamou Lula de canalha. Lula, de seu lado, tirou da cartola o velho truque de percorrer o País em caravana.

titoguarniere@terra.com.br

 

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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