Terça-feira, 20 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 19 de maio de 2025
A chegada de Guilherme Boulos à Secretaria-Geral da Presidência, dada como certa pelo PT, ressuscitou uma antiga desconfiança dentro do partido. Petistas de diferentes alas se questionam se, ao pegar o deputado do PSOL “pelo braço” e conduzi-lo ao Planalto, Lula não está dando um forte sinal de que vê em Boulos seu possível herdeiro político. O gesto foi interpretado por alguns como um recado claro: o presidente estaria preparando terreno para que o psolista ganhe ainda mais projeção nacional e se torne uma alternativa viável da esquerda para a sucessão de 2026.
Nos últimos anos, Boulos se consolidou como o principal nome da esquerda em São Paulo. Mesmo tendo perdido duas eleições para a prefeitura da capital, seu desempenho foi notável, especialmente em comparação ao fraco desempenho do PT na cidade. Chegou ao segundo turno em 2020 com expressiva votação, superando amplamente os candidatos petistas. Além disso, Boulos passou por um processo de moderação ideológica, adotando um discurso mais pragmático e ampliando o diálogo com setores antes distantes de sua base original. Sua trajetória inclui a atuação como ex-coordenador do MTST, o que lhe confere uma ligação orgânica com movimentos sociais e setores da base tradicional do governo.
O alerta ligado pelo PT em relação ao crescimento de Boulos pode gerar um novo racha dentro do governo. E isso ocorre justamente em um momento delicado, quando a temperatura já subiu na Esplanada dos Ministérios por conta da suspeita de que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, teria vazado falas privadas da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja. O clima de desconfiança interno contribui para aumentar a tensão em torno da possível nomeação de Boulos.
Outro ponto de atrito envolve o próprio PSOL. A promessa feita por Boulos a Lula de que não será candidato nas eleições de 2026 caso aceite um cargo no ministério tem gerado preocupação dentro de seu partido. Isso porque o PSOL ficaria sem seu maior puxador de votos em São Paulo, o que comprometeria seriamente a capacidade da legenda de cumprir a cláusula de barreira. Sem Boulos na disputa, Erika Hilton desponta como o principal nome da sigla no Estado.
Nas eleições de 2022, Boulos obteve 1 milhão de votos, enquanto Erika Hilton somou 256 mil. A avaliação interna no PSOL é que, embora Erika possa herdar parte do capital político de Boulos, dificilmente conseguirá alcançar o mesmo patamar de votação, o que enfraqueceria a presença do partido no Congresso. (Com informações do Estado de S. Paulo)