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Política Lula x Bolsonaro: diferenças (e semelhanças) nos discursos, formados e no alcance das lives

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Cenário, modelo de entrevista e audiência marcam discrepância nas lives feitas pelo atual e pelo ex-presidente nas redes sociais. (Foto: Reprodução)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recorreu, na terça-feira (13), a uma estratégia adotada por seu antecessor no cargo, Jair Bolsonaro (PL): a aposta em lives (transmissões ao vivo) nas redes sociais como forma de comunicação direta com seus apoiadores. Assim como o ex-mandatário fazia transmissões ao vivo do Palácio do Alvorada, o petista pretende usar o recurso com frequência a partir de agora.

Veja as principais semelhanças e diferenças entre as transmissões feitas pelo atual e pelo ex-presidente:

Formato

Lula apostou em um modelo de live próximo ao do podcast, com entrevista feita pelo jornalista Marcos Uchôa, da TV Brasil. O formato é mais formal, mas torna, por outro lado, o conteúdo mais dinâmico, diz a pesquisadora em comunicação política Leticia Capone.

Já Bolsonaro não contava com um intermediador em suas transmissões ao vivo. Ele mesmo conduzia as lives, inclusive quando contava com a participação de ministros e outros convidados.

“As estratégias são diferentes. Sem intermediário, a live de Bolsonaro passava a sensação de que falava diretamente para a audiência. Quando você tem um intermediário, retira-se um pouco da informalidade, mas o conteúdo fica menos cansativo”, avalia.

Bolsonaro também adotava tom mais informal no cenário usado para as transmissões, que eram feitas normalmente da biblioteca do Palácio do Alvorada. A estrutura tinha uma mesa, que normalmente ficava repleta de papéis, e uma estante de livros ao fundo. Os convidados ficavam ao lado do ex-presidente e de um intérprete de Libras. Já a live de Lula tem uma estrutura de estúdio, com microfone. O petista ficou sentado de frente para Marcos Uchôa.

A transmissão de Lula foi levada ao ar nas redes sociais da TV Brasil, que é controlada pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC). No caso de Bolsonaro, a empresa pública chegou a transmitir, em 2021, uma live com ataques às urnas, mas o mais comum era que a veiculação ocorresse apenas pelas redes do próprio ex-presidente.

O uso de podcast é uma tendência mundial, aponta o fundador da empresa de pesquisa e consultoria Quaest, o cientista político Felipe Nunes. O desafio, porém, é deixar a live menos engessada.

“O governo acertou em propor esse formato. Você pode ver ou ouvir onde quiser. Mas o desafio é tornar o processo mais fluido”, diz Nunes.

Periodicidade e duração

O atual presidente falou por cerca de 30 minutos na live, batizada de “Conversa com o presidente”. A intenção do governo é realizar o programa todas as terças-feiras pela manhã, mas essa periodicidade não está fechada.

Se confirmado, o modelo semanal será parecido com o de Bolsonaro, que ao longo do seu mandato fez lives regularmente nas noites de quinta. As transmissões de Bolsonaro não tinham duração definida e variavam: chegavam a ultrapassar 1 hora de duração.

Conteúdo

No caso de Lula, em um ambiente controlado e sem perguntas incômodas, o presidente abordou projetos do governo e agendas. Ele citou que lançará em 2 de julho um “grande programa de obras” e que quer criar o programa “Mais Alimento”, para produzir tratores e implementos agrícolas para estimular a produção alimentar e o “pequeno e médio produtor rural brasileiro”.

O presidente também mirou segmentos específicos da população, como a classe média, ao mencionar que pretende ampliar o programa Minha Casa, Minha Vida, de modo a abranger famílias com renda de até R$ 12 mil, e o agronegócio, ao dizer que nunca teve problema com o setor e que suas propostas também se direcionam para atendê-lo.

Bolsonaro também costumava listar entregas do governo em suas lives semanais, mas eram frequentes declarações polêmicas e ataques a adversários políticos, a instituições e à imprensa. As transmissões para apoiadores foram usadas, por exemplo, para disseminar desinformação sobre as urnas eletrônicas.

Estratégia

Tanto a live de Lula quanto a de Bolsonaro têm como objetivo atingir e engajar suas respectivas bases eleitorais com a narrativa que o governo busca implementar.

Sem a pressão de uma entrevista jornalística, é possível indicar aos apoiadores quais são as pautas prioritárias e como abordá-las.

Para Leticia Capone, trechos editados com as melhores falas podem ainda viralizar e atingir um público mais amplo. A eficácia das transmissões do petista, porém, vai depender da articulação dessa base.

Audiência

A transmissão feita por Lula alcançou uma audiência tímida na comparação com Bolsonaro e com sua própria conta em outros momentos. Durante a transmissão, o pico de espectadores simultâneos foi de 10 mil, somando YouTube, Twitter e Instagram. A divulgação do horário e data da live apenas na véspera pode também ter contribuído para os resultados.

“A base lulista é menos engajada nas redes do que a bolsonarista”, diz Felipe Nunes. “A divulgação com mais antecedência pode ajudar, mas não acho que muda muito. O desafio do governo é criar novos hábitos de comunicação com o seu público, e isso demanda tempo.”

Dados do CrowdTangle, plataforma de monitoramento de redes da Meta, revelam que Bolsonaro teve, em média, pouco mais de 680 mil visualizações em transmissões de vídeo ao vivo no Facebook entre 2019 e 2022.

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