Quinta-feira, 12 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 21 de dezembro de 2021
O soberano de Dubai, xeque Mohamed bin Rashid al-Maktoum, foi condenado nesta terça-feira pela Justiça britânica a pagar a sua ex-mulher e filhos, £ 550 milhões (R$ 4,1 bilhões), na maior indenização por divórcio concedida por um tribunal inglês.
O juiz Philip Moor ordenou que o pagamento seja feito da seguinte forma: £ 251,5 milhões (R$ 1,9 bilhão) à sexta mulher do governante de 72 anos, a princesa Haya Bint Al Hussein, de 47 anos, meia-irmã do rei da Jordânia, Abdullah II; e £ 290 milhões (R$ 2,2 bilhões) para cobrir o sustento dos filhos do casal, de 9 e 14 anos, assim como outros gastos, incluindo de segurança.
De acordo com a sentença, o valor – que inclui dezenas de milhares de libras para férias ou gastos vinculados com animais domésticos – pode variar em função de diversos fatores, como por exemplo em caso de uma reconciliação dos filhos com o pai.
“Levando em consideração sua posição e as ameaças gerais de terrorismo e sequestro que enfrentam em tais circunstâncias, considera-se que são particularmente vulneráveis e precisam de garantias de maior segurança neste país”, disse o juiz Moor ao anunciar o veredicto, acrescentando: “A principal ameaça que enfrentam procede do [governante] mesmo, e não de fontes externas.”
O Tribunal Superior determinou em outubro que al-Maktoum autorizou um ataque aos telefones de sua ex-mulher e seus advogados britânicos. Não foi provado que a ação estivesse vinculada à batalha legal no Reino Unido entre ela e o xeque, que deseja o retorno dos dois filhos a Dubai.
No entanto, um volume “muito importante” de dados foi extraído do telefone da princesa, de quase 265 megabytes, equivalente a 24 horas de gravação de voz ou 500 fotografias.
O magistrado destacou que o xeque “assediou e intimidou a mãe [dos seus filhos] antes da sua viagem para a Inglaterra e a partir de sua chegada”, e que estava “disposto a tolerar que aqueles que agem em seu nome no Reino Unido o fizessem de maneira ilegal”.
As medidas de compensação financeira estabelecidas nesta terça-feira estão entre as maiores já concedidas no âmbito de um acordo de divórcio na Justiça britânica desde o caso da ex-mulher do bilionário russo Farkhad Akhmedov, Tatiana Akhmedova. No fim de 2016, a Justiça concedeu a Akhmedova 41% da fortuna do ex-marido, o que representa £ 453 milhões (R$ 3,4 bilhões).
Um porta-voz de al-Maktoum declarou hoje que o soberano de Dubai “sempre se certificou de que os filhos estejam protegidos em suas necessidades”.
“O tribunal anunciou agora sua decisão sobre o aspecto financeiro e ele [o soberano] não tem a intenção de falar mais”, disse o porta-voz, antes de acrescentar que o xeque “pede aos meios de comunicação que respeitem a vida privada de seus filhos e não interfiram em sua vida no Reino Unido”.
Em março de 2020, um tribunal da Vara de Família afirmou que al-Maktoum havia “encomendado e orquestrado” o sequestro de dois de seus filhos, a princesa Shamsha e sua irmã Latifa, que ele tem com outra mulher.
A princesa Latifa, que tentou fugir de Dubai sem sucesso em 2018, afirmou que era mantida como “refém” por seu pai. Em junho passado, ela disse, por meio de seus advogados, que estava livre “para viajar”. Latifa pediu à polícia britânica para investigar novamente o desaparecimento de sua irmã Shamsha em 2000 em Cambridge, em uma carta com data de 2018 e revelada este ano pela BBC. As informações são da agência de notícias AFP.