Domingo, 23 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 11 de novembro de 2018
Cerca de mil mulheres iranianas tiveram seu acesso liberado, no sábado (10) à noite, no estádio onde aconteceu a final da liga de campeões asiática, em Teerã, um fato pouco comum classificado como uma “vitória” por vários jornais reformistas do país.
A incomum presença de torcedores em uma tribuna especialmente reservada para as mulheres no estádio Azadi (“Liberdade”, em persa) não foi o suficiente para levar à vitória a equipe local, o FC Persépolis. Depois de sua derrota por 2-0 no Japão, o time não passou do zero a zero em casa, o que deu o título ao Kashima Antlers. “As mulheres ganharam a partida da Liberdade”, dizia a manchete do jornal reformista “Etemad”.
“Vitória das mulheres iranianas na final asiática”, estima o também reformista “Sazandegi”. De acordo com este jornal, a maioria das mulheres presente no estádio foi “selecionada minuciosamente” entre as famílias dos jogadores do FC Persépolis, ou entre jogadoras de futebol, ou de futebol de salão. Desde a vitória da Revolução Islâmica em 1979, as mulheres não têm direito a ir aos estádios no Irã para ver os homens jogarem futebol. A medida é, com frequência, criticada no país.
O presidente iraniano, Hassan Rohani, manifestou em diferentes ocasiões sua vontade de que as mulheres possam entrar nos estádios, mas o projeto enfrenta a oposição dos ultraconservadores. Neste domingo (11), a AFC (Confederação Asiática de Futebol) agradeceu oficialmente às autoridades iranianas por terem permitido que as mulheres “fossem testemunha de um evento excepcional”.
Superação
Lutando para recuperar os movimentos das pernas após uma grave fratura na coluna cervical durante um jogo no Irã, o zagueiro brasileiro Padovani ganhou um apoio e tanto neste domingo (11). O defensor se encontrou com Zico, um dos seus grandes sonhos.
O Galinho está no Irã onde, no sábado, viu seu Kashima Antlers (Zico é diretor-técnico do clube) empatar com o Persepolis e conquistar o título da Liga dos Campeões da Ásia. Além de Zico, Padovani também se encontrou com Léo Silva e Serginho, jogadores brasileiros do Kashima.
Os nove meses de tratamento ocorreram em uma clínica da Cruz Vermelha, lado a lado com sobreviventes de guerra e atentados terroristas.
O acidente
Leandro passou boa parte de sua carreira no país islâmico e, quando chegou a um dos clubes locais com maior popularidade, o Estheglal, passou, dentro de campo, pelo acidente que modificou para sempre a sua vida.
Em 24 de fevereiro deste ano, ainda no sexto jogo da temporada, Leandro foi a campo e, pouco antes de o árbitro apitar o fim do primeiro tempo, caiu no chão. O jogador de 34 anos subiu para tentar afastar um lançamento e se chocou com um companheiro de equipe, permanecendo no solo, sem se movimentar.
A preocupação logo tomou conta de companheiros e adversários, antes de que Padovani fosse tirado de campo em uma maca, praticamente imóvel. Ali começava uma jornada em busca dos movimentos de quem era um atleta, que se foram por conta de uma fratura na coluna cervical, causada na queda, quando o pescoço do jogador sofreu uma fratura. A vértebra C6 se deslocou da seguinte, a C7.
O atendimento imediatamente após o incidente não contou com os cuidados adequados. Na cidade de Ahwaz, na perigosa fronteira com o Iraque, Padovani foi socorrido por médicos que demoraram a entender o que tinha acontecido. A situação poderia ter sido pior se não fosse uma coincidência: Eydi Abdolkhani, neurocirurgião famoso no Irã e que hoje mora no Canadá, estava de férias em uma fazenda a 70 quilômetros do estádio onde ocorreu o fato.
Ele realizou a cirurgia, sem mesmo a autorização da esposa de Padovani, Larissa, que estava na capital Teerã sem conseguir informações. O procedimento durou oito horas e obteve sucesso. “Aquele médico foi o anjo da guarda. Ele foi maravilhoso. Se não tivesse ali naquele momento e naquela hora, não sei o que teria acontecido”, lembra Larissa.