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Brasil A vereadora assassinada Marielle Franco enviou uma mensagem em tom de despedida à sua irmã na véspera de sua morte

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Cinco anos mais nova, Anielle Silva luta por justiça e contra calúnias sobre a vereadora. (Foto: Reprodução)

A última mensagem que Anielle Silva recebeu de sua irmã foi na noite de terça-feira, dia 13, às 21h19min. “Pra lembrarmos sempre da nossa força. Bjos”, escreveu Marielle Franco pelo WhatsApp. A frase repentina veio acompanhada de uma foto do ano passado: as duas juntas na Igreja de São Jorge, na Praça da República, no dia do santo de devoção das filhas de Marinete e Antonio.

Era um ritual que elas repetiam todo 23 de abril desde que Anielle voltou dos Estados Unidos, em 2011, após se formar em jornalismo e inglês enquanto jogava vôlei universitário. Faltavam apenas seis semanas para mais um dia de São Jorge, mas era como se Marielle soubesse que não estaria aqui.

Duas horas depois, a caçula respondeu “Amém”. No dia seguinte, conversaram rapidamente pelo telefone sobre amenidades, e não se falaram mais. Aquela última mensagem não sai da cabeça da irmã. “Parece que ela estava sentindo alguma coisa, embora nunca tenha sido ameaçada. Éramos muito ligadas, meus pais só tiveram a gente. Como ela veio cinco anos primeiro, sempre foi uma mãezona pra mim. Tudo que eu quero é entender por que e quem fez isso com ela”, afirma a professora de inglês de 33 anos, que mora com os pais, a filha Mariah, de dois anos, e, agora, a sobrinha Luyara, de 19.

Em seu WhatsApp, ainda é possível ver a hora em que a vereadora ficou online pela última vez: 21h08 de quarta-feira. Foi o momento em que, de caçula, Anielle passou a ser o esteio da família. Sua mãe é a mais abatida: anda cansada, se alimentando mal e dormindo pouco.

“Vocês prometeram cuidar da minha filha”, desabafou no enterro com pessoas do Psol. O pai é mais fechado, tem guardado a dor para si. E Luyara, apesar da idade, se mostra forte. Muito católica, assim como os avós e a tia, ela enviou um e-mail ao Papa Francisco no domingo, dia 18 de março, pedindo que ele rezasse “por nós, pela nossa família, pelas mulheres, pelo povo negro, pela vida nas favelas do Rio de Janeiro”. A resposta do assessor argentino Lucas Schaerer, que trabalha com o Pontífice, veio em seguida: “Luyara estimada, recebemos sua emocionante carta ao Papa Francisco. Vamos enviar hoje mesmo a ele. Rezamos por sua mãe e por você”.  Anielle se emocionou ao saber que o Papa citou sua irmã em uma missa.

Luta contra mentiras

É a Deus que ela pede força para defender a memória de Marielle. Não podia imaginar que, após a barbárie impensável, seria obrigada a enfrentar um rio de mentiras. Notícias falsas começaram a se espalhar logo no dia seguinte ao assassinato, propagadas por pessoas de todos os níveis de educação, de semianalfabetos a parlamentares.

Uma desembargadora do Rio, Marília Castro Neves, que será investigada pelo Conselho Nacional de Justiça, chegou a afirmar que Marielle estava “engajada com bandidos” – ao jornal “O Dia”, disse não se arrepender do que escreveu.

A última postagem pública de Anielle no Facebook pede respeito à irmã. “Apenas aceitem, aceitem, que ela era negra, favelada, pobre, foda e venceu. Chegou ao topo. E iria ainda mais longe.” A mensagem teve 137 mil “curtidas” e foi compartilhada 40 mil vezes.

Enquanto luta pela irmã, Anielle continua sua vida: já voltou normalmente às quatro escolas particulares onde é professora de inglês. Trabalha o dia inteiro. Sua primeira aula desde a morte de Marielle foi para turmas de sexto e sétimo anos. Os alunos lhe prestaram homenagens, escreveram cartas e fizeram desenhos da vereadora, gestos que ela não esperava.

 

 

 

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https://www.osul.com.br/marielle-franco-enviou-mensagem-em-tom-de-despedida-a-irma-na-vespera-de-sua-morte/ A vereadora assassinada Marielle Franco enviou uma mensagem em tom de despedida à sua irmã na véspera de sua morte 2018-03-20
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