Domingo, 17 de agosto de 2025
Por Luís Eduardo Souza Fraga | 15 de agosto de 2025
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
O nosso eterno poeta nasceu em 30 de julho de 1906, no município de Alegrete, aqui no Rio Grande do Sul, Mário Quintana foi uma pedra preciosa, uma joia rara e mais um dos tantos talentos que brotaram na terra fértil da intelectualidade gaúcha.
Mário Quintana quando chegou em Porto Alegre, ainda jovem, foi estudante do Colégio Militar, tradutor de grandes obras literárias e, também foi jornalista, trabalhou com Érico Veríssimo na Livraria do Globo e, assim, passou a projetar-se como escritor e poeta.
Observe bem, caro leitor, de quem Mário Quintana foi contemporâneo, ninguém menos que Érico Veríssimo e Manuel Bandeira, entre tantos grandes nomes da literatura brasileira.
Neste ano de 2025, os amantes da poesia relembram os 119 anos da existência do nosso maior poeta, a saudade é gigante quando passamos a recordar aquela imagem doce e serena, caminhando lentamente pelas ruas da capital, cumprimentando e sendo cumprimentado pela população que o adorava.
Lembro-me muito bem de suas entrevistas na TV, eu sempre parava tudo para ouvi-lo se pronunciar, palavras doces, sempre bem colocadas e profundas em seus significados, Quintana foi um anjo que viveu entre os homens, por certo, um presente de Deus ao povo gaúcho.
O nosso poeta Sofreu uma grande injustiça em sua vida de escritor, por não ter sido escolhido para ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, após três candidaturas, mas no dia 25 de agosto de 1966, Mário Quintana é saudado na sessão da Academia por Augusto Mayer e Manuel Bandeira, que leu um poema de sua autoria, foi um momento mágico. Após a homenagem, ele foi novamente convidado a se candidatar, desta feita, pela quarta vez a uma cadeira na Academia, então na sua tradicional serenidade, Quintana recusou o convite e proferiu uma célebre frase: “Todos esses que aí estão atravancando meu caminho, eles passarão… eu passarinho!”
O grande poeta foi novamente genial!
Aqui no Rio Grande do Sul, sempre foi valorizado, e, em 1980, Mario Quintana recebeu o prêmio Machado de Assis da ABL pelo conjunto de sua obra, em 1981, foi agraciado com o Prêmio Jabuti, como Personalidade Literária do Ano.
Mário Quintana nunca casou, não teve filhos, viveu sempre só e recluso, como é característico de muitos poetas, mas já com a idade avançada, um infortúnio terrível o acometeu, foi despejado do “Hotel Majestic”, onde viveu de 1968 a 1980. Sem condições financeiras não tinha para onde ir, então um fato inusitado aconteceu, o jogador de futebol do S.C. Internacional, Paulo Roberto Falcão o acolheu no Hotel Royal, de sua propriedade, e disse a ele que poderia viver ali por toda a sua vida. Ao ser entrevistado, Quintana disse: “Este é o craque que joga com os pés e com o coração”.
Mário de Miranda Quintana, faleceu na capital dos gaúchos que tanto amava, no dia 5 de maio de 1994.
O antigo “Hotel Majestic”, localizado no centro de Porto Alegre, foi tombado como patrimônio histórico e cultural e hoje leva o nome de: “Casa de Cultura Mário Quintana”.
É… essas são as ironias do destino!
Acredito que essa é uma homenagem tão magnífica, quanto fazer parte dos imortais da Academia Brasileira de Letras, pois aqui na sua terra, Mário Quintana sempre voará alto como um passarinho e para a cultura riograndense, será sempre um imortal!
fragaluiseduardo@gmail.com
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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