Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 8 de setembro de 2019
A defesa do ex-presidente Lula disse que as conversas reveladas em reportagem do jornal Folha de S.Paulo, em parceria com o The Intercept Brasil, expõem “grosseiras ilegalidades praticadas pelo ex-juiz Sérgio Moro e pelos procuradores da Lava-Jato”.
A nota da defesa, repercutida em perfil do ex-presidente no Twitter, afirma que “o ex-juiz Sérgio Moro, os procuradores e o delegado da Lava-Jato de Curitiba selecionaram conversas telefônicas mantidas por Lula, escondendo dos autos e do STF (Supremo Tribunal Federal) aquelas que mostravam a verdade dos fatos”.
A reportagem mostra que conversas de Lula gravadas pela PF (Polícia Federal) em 2016 e mantidas em sigilo desde então enfraquecem a tese de Moro para justificar a decisão mais controversa que tomou como juiz da Lava-Jato. Na ocasião, ele tornou público um diálogo em que a então presidente Dilma Rousseff teve com Lula, levando a anulação da posse dele na Casa Civil pelo STF. Para a Lava-Jato, a ligação mostrava que a nomeação visava travar as investigações sobre ele.
Mas registros analisados pela Folha de S.Paulo e pelo Intercept mostram que outras ligações interceptadas naquela dia, e mantidas em sigilo, punham em xeque a hipótese adotada. A reportagem provocou uma série de reações. Fernando Haddad (PT), candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2018, disse em rede social que testemunhou a relutância de Lula em aceitar o cargo para integrar o governo de Dilma Rousseff (PT).
A ex-presidente, por sua vez, postou uma mensagem em rede social dizendo que o “Judiciário ainda pode cumprir seu papel constitucional, corrigindo ilegalidades e anulando decisões partidarizadas”. O STF pode analisar nos próximos meses se as mensagens trocadas por integrantes da força-tarefa da Lava-Jato devem ser usadas ou não como provas legais para questionar a conduta do ex-juiz Sérgio Moro e de procuradores da operação.
Outro lado
O ministro Sérgio Moro disse que não soube dos telefonemas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que a Polícia Federal grampeou e manteve sob sigilo em 2016, quando era o juiz à frente das ações da Lava-Jato em Curitiba.
“O atual ministro teve conhecimento, à época, apenas dos diálogos selecionados pela autoridade policial e enviados à Justiça”, afirmou o Ministério da Justiça, por meio de nota. “Cabe à autoridade policial fazer a seleção dos diálogos relevantes do ponto de vista criminal e probatório”, afirmou. “Diálogos que não envolvam ilícitos não são usualmente selecionados.”