Sábado, 18 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de agosto de 2020
O Ministério Público Federal (MPF) afirma que o escritório de advocacia da primeira-dama Helena Witzel era utilizado para intermediar o pagamento de propina para o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), que foi afastado do cargo nesta sexta-feira (28).
O escritório, que não tinha nenhum outro funcionário, recebeu R$ 554 mil suspeitos de ser propina para o seu marido entre 13 de agosto de 2019 e 19 de maio de 2020. Desse montante, R$ 74 mil foram repassados diretamente para o governador. O casal está entre os denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção na área da saúde.
Segundo a PGR, o governo do Rio de Janeiro estabeleceu um esquema de propina para a contratação emergencial e para liberação de pagamentos a organizações sociais (OSs) que prestam serviços ao governo, especialmente nas áreas de Saúde e Educação.
Na decisão, o ministro Benedito Gonçalves, do STJ, afirmou que as provas de ilícitos ultrapassam as ações de combate ao coronavírus e começam ainda na campanha eleitoral de 2018.
Busca e apreensão
Nesta sexta, a primeira-dama Helena Witzel foi alvo de mandado de busca e apreensão no palácio das Laranjeiras. A ação da Polícia Federal, batizada de Tris in Idem, é decorrência das investigações da Operação Favorito e da Operação Placebo – ambas realizadas em maio, e da delação premiada de Edmar Santos, ex-secretário de Saúde.
O escritório de advocacia da primeira-dama, segundo MPF, foi contratado “para operacionalizar a prática de corrupção e posterior lavagem de capitais”.
A Unidade de Inteligência Financeira (UIF) (antigo Coaf) constatou que o escritório recebeu R$ 554 mil, sendo: R$ 280 mil do Hospital Jardim Amália (Hinja), R$ 112,6 mil da DPAD Serviços Diagnósticos LTDA – ME (Bioslab), R$ 59,3 mil da Cootrab Cooperativa Central de Trabalho, R$ 102,2 mil da Qualiclínicas Gestão e Serviços de Saúde.
O dinheiro pago ao escritório da primeira-dama veio de contratos firmados com pelo menos quatro entidades de saúde ligadas a “membros de organização criminosa”: Gothardo Lopes Netto (médico e ex-prefeito de Volta Redonda), Pedro Fernandes e Mário Peixoto, preso pela operação Lava-Jato diante dos esquemas de corrupção comandados pelo ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral.
Os procuradores consideraram “bastante estreito e suspeito” o vínculo da primeira-fama com as empresas de Mário Peixoto, que era o verdadeiro dono de várias empresas, que têm contratos milionários com o governo do estado, e que tinham à frente vários “laranjas” para tentar ocultar a verdadeira propriedade delas.