Sexta-feira, 29 de março de 2024
Por Redação O Sul | 5 de outubro de 2015
Metade da população das grandes cidades brasileiras acredita que “bandido bom é bandido morto”. A constatação aparece em pesquisa Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ONG que reúne especialistas em violência urbana. O levantamento foi realizado no final de julho e fará parte do 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que será divulgado nesta semana. O instituto ouviu 1.307 pessoas em 84 cidades com mais de 100 mil habitantes.
Para a pergunta se “bandido bom é bandido morto”, 50% disseram concordar, 45% discordaram e o restante não soube responder ou não concorda nem discorda. Como a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, há empate técnico, e a pesquisa indica a sociedade dividida. Para o sociólogo Renato Sérgio de Lima, vice-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, essa divisão no País é um bom sinal. “Como o copo está meio cheio e meio vazio, metade da população é contra [a afirmação], e isso pode ser visto com uma janela para a construção de políticas públicas. Há espaço para mudança.”
Esse resultado da pesquisa reforça a sensação de especialistas da área de que a sociedade é tolerante com a matança de suspeitos por policiais – PMs e policiais civis mataram ao menos 3.022 pessoas em 2014 no País. O efeito perverso dessa prática está tanto nos crimes provocados por policiais como nas mortes deles: em 2014, 398 foram assassinados. Considerando a margem de erro da pesquisa, homens e mulheres pensam da mesma forma sobre o tema, assim como ricos e pobres.
Há distinção, por exemplo, quando o recorte é pela cor da pele: 53% dos brancos acham que “bandido bom é bandido morto”, índice que recua para 44% entre os negros. Entre as regiões do País, a maior diferença está entre Sudeste (48%) e Sul (54%), mas ainda dentro da margem. (Folhapress)