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Mundo “Meu filho é tão traidor quanto os outros. Não traiu a mim, mas sim a pátria”, diz o pai do ex-presidente peruano preso por envolvimento no escândalo da Odebrecht

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Ollanta Humala (segundo, à direita) e sua mulher, Nadine Heredia, se entregaram. (Foto: AFP)

Pela terceira vez no século XXI, os peruanos assistiram a um dos seus ex-presidentes ser alvo de uma ordem de prisão quando, na noite de quinta-feira (13), Ollanta Humala e a sua mulher, a ex-primeira-dama Nadine Heredia, receberam tal sentença por suposto envolvimento no escândalo da empreiteira brasileira Odebrecht e, rapidamente, entregaram-se à Justiça. Enquanto a Presidência se vê sob uma crise de descrédito, a decisão do juiz Richard Concepción Carhuancho polarizou a opinião pública. De um lado, o clima era de comemoração pela sensação de fortalecimento no combate à impunidade no poder. De outro, o ex-casal presidencial que acusa o Judiciário de abuso de poder e insuficiência de provas foi preso sob manifestações de simpatizantes, que julgavam excessiva a decretação da prisão preventiva e pediam o mesmo tratamento a outros políticos sob suspeita.

Após terem passado a noite no Palácio de Justiça, Humala e Nadine – acusados de lavagem de dinheiro e associação criminosa por supostamente terem aceitado US$ 3 milhões da Odebrecht para a campanha presidencial de 2011 – tiveram seu destino para os próximos, no máximo, 18 meses definido. Humala foi levado à prisão de Barbadillo, onde também está o ex-presidente Alberto Fujimori, que cumpre pena de 25 anos por corrupção e crimes contra a Humanidade. Já Nadine foi levada à prisão de Virgem de Fátima, uma das únicas três para mulheres em Lima.

Sem fazer juízo de valor sobre a decisão judicial, o atual presidente, Pedro Pablo Kuczynski, pediu ponderação, agilidade e transparência no processo contra o líder do Partido Nacionalista Peruano. “A decisão é certamente histórica. Ao final, é muito triste o que está acontecendo” disse. “Devemos lutar contra a corrupção, mas lutar com o devido processo. O que não podemos fazer é deixar-nos guiar pelos clamores da multidão.”

A cobrança pelo endurecimento contra a corrupção ganhou mais sentido para os peruanos depois que, em abril, o ex-presidente Alejandro Toledo e sua mulher, Eliane Karp, também foram sentenciados por Carhuancho, sob semelhante suspeita de lavagem de dinheiro no caso Odebrecht. Ele e a mulher, entretanto, fugiram para os EUA, onde aguardam o julgamento de um pedido de extradição. Temendo uma repetição do caso, o procurador Germán Juárez Atoche alegou, no pedido de prisão preventiva, que Humala e Nadine havia levado, às escondidas, as duas filhas adolescentes, de 15 e 13 anos, para Chicago. Segundo Juárez, os pais fizeram isso para, futuramente, pedir permissão à Justiça para buscá-las nos EUA, mas sem intenção de retornar ao Peru. Além disso, Nadine foi acusada de abrir contas nos nomes das filhas para esconder dinheiro de origem ilícita.

A família de Humala, entretanto, negou a história, dizendo que as meninas estavam num intercâmbio a convite de uma professora da escola. No meio da polêmica, Humala e Nadine classificaram a prisão preventiva de arbitrária, alegando falta de provas suficientes. Seus advogados prometeram apelar da sentença, que ainda pode ser revogada pela Sala Penal de Apelações do Peru.

O pedido da Procuradoria é fundamentado nas delações de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira brasileira. Ele afirmou ter entregue US$ 3 milhões (R$ 9,6 milhões) à vitoriosa campanha de Humala em 2011, num apoio que teria sido solicitado pelo Partido dos Trabalhadores (PT), legenda do ex-presidente Lula. A companhia admitiu ter pagado propinas aos governos peruanos entre 2005 e 2014. No período, ocuparam a Presidência Toledo, Humala e Alan García. Este último lamentou “o espetáculo de ontem”, citando os filhos menores do casal e os danos à pátria.

O jornal El Comercio lamentou o número de ex-presidentes presos ou com ordem de prisão, mas celebrou o fato de que “ver que é possível que eles vão para o cárcere também é testemunho de que em nosso sistema de Justiça – com todas as suas falhas – tampouco impera a impunidade”.

Após ter apoiado a campanha de Humala, o escritor Álvaro Vargas Llosa, filho do Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa, se disse decepcionado, mas não arrependido de tê-lo respaldado. E opinou contra a ordem de prisão preventiva:

“Se os Humala tiverem cometido crime, merecem pagar pelos delitos, que seriam uma traição ao país. Mas não vejo claramente que haja risco de fuga de um casal tão visível, que está mostrando a cara, à diferença do ex-presidente Toledo”, afirmou ao El Comercio.

A polarização do país atingiu a própria família de Humala. Sua mãe, Elena Tasso, criticou o juiz Carhuancho. “Todos os especialistas em Direito Penal disseram que isso (a ordem de prisão) não procede. Este juiz não entendeu ou não estudou bem o Direito.”

Já o pai de Humala, Isaac, há três anos afastado do filho, foi enfático: “Meu filho é tão traidor quanto os outros. Não traiu a mim, mas sim a pátria”. (AG)

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