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Geral Milícias dominam mais de 1 mil e 200 farmácias no Rio; quadrilhas extorquem dinheiro de estabelecimentos, além de usá-los para vender carga roubada

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O levantamento cita vários casos nos quais funcionários do conselho sofreram intimidação e ameaças das milícias. (Foto: Reprodução)

Um levantamento do Conselho Regional de Farmácia (CRF) do Rio de Janeiro aponta que milícias dominam áreas do Estado onde funcionam 1.217 farmácias. Nessas regiões, milicianos extorquem taxas de proteção dos estabelecimentos farmacêuticos, que são usados ainda para lavar dinheiro ilícito e vender cargas roubadas. Os criminosos também dificultam ou impedem o trabalho dos fiscais do CRF-RJ – autarquia federal com mais de meio século que cuida do setor no Estado.

O levantamento cita vários casos nos quais funcionários do conselho sofreram intimidação e ameaças das milícias – quadrilhas de policiais, bombeiros e criminosos comuns, com cobertura política, que se fortaleceram a partir dos anos 1990 no Rio. Os incidentes ocorreram quando os fiscais tentaram checar o cumprimento de normas legais, como a obrigatoriedade da presença de um farmacêutico na loja e o registro do estabelecimento.

Os negócios com algum tipo de ligação com as milícias muitas vezes não cumprem as exigências legais – e têm proteção armada para agir dessa forma.

As abordagens, em diferentes ocasiões nos últimos anos – algumas sem data especificada, por precaução –, incluíram exibição de armas. “Quem manda aqui é (sic) nós”, ouviu, de um criminoso, um fiscal que teve furados três pneus do veículo da fiscalização do CRF, em ação de seis milicianos, em 2017. Em um carro e uma motocicleta, os criminosos abordaram o agente em Santa Cruz, na zona oeste da capital fluminense, conforme ele relatou ao conselho.

O mesmo método de intimidação foi usado em Angra dos Reis, no litoral sul fluminense, também em 2017. “Durante a fiscalização realizada na margem da Rodovia Governador Mário Covas em Angra dos Reis, esvaziaram os dois pneus do carro do CRF-RJ no momento em que eu estava fiscalizando a farmácia. Impossibilitando minha saída do local”, contou um funcionário.

Mais recentemente, em 2019, um fiscal contou ter sido ameaçado fisicamente por dois milicianos quando fiscalizava uma farmácia em Campo Grande, na zona oeste da capital. Após o incidente, ele disse que deixou o local por medo. O estabelecimento funcionava sem farmacêutico, violando a lei.

No mesmo bairro, onde atua a Liga da Justiça (atual Bonde do Ecko), a maior milícia do Estado e que incorporou traficantes, um miliciano informou a um funcionário do CRF que “aquela área era dele e na próxima vez não iria avisar de novo”, segundo relato que consta do levantamento. O criminoso também ameaçou com uma arma de fogo o fiscal que tentava multar a farmácia. “O miliciano falou que não era para autuar, caso ocorresse iria perseguir o carro onde quer que fosse”, afirmou o fiscal ao conselho. Há registros de ameaças em outras regiões do Estado. Nem o Conselho Regional de Farmácia nem os fiscais ameaçados quiseram comentar os incidentes.

Segundo levantamento feito no fim de 2021 pela Associação do Comércio Farmacêutico do Rio de Janeiro (Ascoferj), há 7.220 farmácias no Rio de Janeiro. Os estabelecimentos farmacêuticos que, segundo o estudo do conselho regional, ficam em territórios dominados por milícias equivalem a mais de 16% desse total.

Para se ter uma ideia, o número de negócios da área sob o domínio miliciano no Rio supera a terceira maior rede do setor no Brasil, que tem cerca de 1.100 unidades. Calcula-se que o mercado fluminense seja o segundo maior do setor no País, movimentando R$ 10 bilhões anuais.

“Essas taxas (de proteção, cobradas pelos milicianos) são uma das fontes de renda prioritárias do crime organizado”, avalia Daniel Hirata, coordenador do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF), que pesquisa grupos criminosos. “Quando as farmácias estão em territórios controlados por milícias, elas também podem ser instrumentalizadas e utilizadas para lavagem de dinheiro.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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