Terça-feira, 06 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 18 de fevereiro de 2021
O Ministério da Saúde informou nesta quinta-feira (18) que “precisará rever a distribuição das doses de vacinas contra a Covid-19 relativas ao mês de fevereiro, divulgada aos secretários de saúde dos estados e Distrito Federal”.
Será o primeiro revés no anúncio feito pelo ministro da saúde Eduardo Pazuello de que 230 milhões de doses serão entregues até 31 de julho. Dentro deste total, a previsão era entregar 11,3 milhões de doses em fevereiro. Destes, 9,3 milhões eram da CoronaVac. Outras 2 milhões de doses são da vacina Oxford/AstraZeneca, importadas da Índia.
De acordo com o ministério, a mudança será necessária porque recebeu ofício do Instituto Butantan nesta tarde de quinta com a informação de que “receberá somente 30% dos imunizantes previstos em contrato para fevereiro, totalizando apenas 2,7 milhões de doses”.
“O cronograma elaborado e que foi enviado aos gestores previa a inclusão de novos grupos prioritários na campanha de vacinação contra a Covid-19, como povos e comunidades tradicionais ribeirinhas, quilombolas, pessoas de 80 a 89 anos e pessoas de 60 a 79 anos”, informou o ministério.
Previsão frustrada e acordos pendentes
O compromisso de entregar 230 milhões de doses depende, além das entregas de Butantan e da Fiocruz, do fechamento de acordo com os fornecedores das vacinas Sputnik V, desenvolvida pelo instituto russo Gamaleya, e da indiana Covaxin. As duas não têm autorização de uso emergencial no Brasil e, no caso da indiana, estudo de fase 3 que comprova a eficácia ainda não foi publicado em revista científica.
No caso do Butantan, estava prevista a entrega de 9,3 milhões de doses da CoronaVac até 28 de fevereiro. O instituto entregou 1,1 milhão de doses do imunizante no dia 5 e, a partir do dia 23 deve entregar um lote com 3,4 milhões de doses para o governo federal, totalizando 4,5 milhões, o equivalente a 4,8 milhões de doses a menos.
Em nota, o Instituto Butantan disse que montou uma força-tarefa para acelerar a entrega das doses, mas que o governo federal tem culpa pelo atraso. Além disso, ressaltou que já entregou 9,8 milhões de doses da vacina contra o novo coronavírus ao Ministério da Saúde, o que corresponde a 90% de todas as vacinas usadas na rede pública do país.
“O Ministério da Saúde omite e ignora fatos em seu comunicado oficial. Deixa de informar que, como é de conhecimento público, o desgaste diplomático causado pelo governo brasileiro em relação à China provocou atrasos no envio da matéria-prima necessária para a produção da vacina”, informou o instituto.
“É inacreditável que o Ministério da Saúde queira atribuir ao Butantan a responsabilidade pela sua completa falta de planejamento, que acarretou a falta de vacinas para a população em diversos municípios do país”, conclui o Butantan.