Sábado, 08 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de novembro de 2018
O deputado Alberto Fraga (DEM-DF), coordenador da bancada da bala e aliado do presidente eleito, Jair Bolsonaro, disse na terça-feira (20) que a indicação pelo presidente eleito de um terceiro ministro filiado ao DEM já começou a causar “ciúmes” no plenário da Câmara dos Deputados e pode atrapalhar a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à Presidência da casa.
O deputado federal Luiz Mandetta (DEM-MS) foi indicado na terça-feira ao Ministério da Saúde. Junto ao futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), e a futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM-MS), é o terceiro nome do partido no quadro de ministérios para o ano que vem.
“Não são indicações que vieram do DEM, e sim de Bolsonaro. Mas vão atrapalhar, sim, a reeleição de Maia. A escolha já causou ciúmes dentro do plenário, especialmente de partidos com mais deputados que não têm nenhum ministério ainda, como o MDB, PP e PR”, afirmou.
O presidente do DEM, ACM Neto, ressalta que as indicações dos ministros foram escolhas pessoais de Bolsonaro e diz que o argumento de que o DEM já está “muito fortalecido” nos próximos anos, com pelo menos três ministros, e deveria ceder a presidência da Câmara a outro partido não é válido: “Não tem como misturar eleições da Câmara com governo. Isso é assunto da Casa, do Legislativo. O DEM não pediu nada a Bolsonaro. As escolhas são dele”.
ACM Neto se reunirá com o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, nessa quarta-feira, em Brasília. “Será a primeira conversa. Vou ouvir mais do que falar. Ao partido, interessa conhecer a agenda econômica e social do governo”, diz ACM Neto, acrescentando que futuramente, “em um momento oportuno”, reunirá o partido para a decisão sobre integrar ou não a base de Bolsonaro.
Loteamento de cargos
Quando indagado se estaria havendo um loteamento de cargos para beneficiar o DEM, Bolsonaro disse que era coincidência os três serem do mesmo partido. “O Onyx Lorenzoni sempre esteve comigo muito antes do primeiro turno. A Tereza Cristina é do DEM, mas foi indicação da bancada da agricultura. O Mandetta também. Parlamentares dos mais variados partidos indicaram ele (sic). Por coincidência, pertence ao DEM. Nada a ver no tocante a partido. Não são indicações para atender interesses político-partidários, e sim interesses especificamente dessas áreas de saúde e agricultura”, afirmou o futuro mandatário.
Na avaliação do professor e cientista político Humberto Dantas, doutor pela Universidade de São Paulo, não deveria haver estranheza nesta aproximação de Bolsonaro com o DEM. “O Bolsonaro se ancora no DEM porque o DEM pensa como o Bolsonaro em boa parte dos casos. Não é um partido tão estranho para o universo político que o Bolsonaro orbita”, afirma o professor. Em 2005, quando a sigla ainda era PFL, Bolsonaro esteve em suas fileiras por alguns meses. Foi um dos oito partidos ao qual esteve filiado em sua carreira política de quase três décadas.