Sexta-feira, 03 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 11 de julho de 2025
Ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos do governo, Esther Dweck afirma que a reforma administrativa defendida pela pasta terá, sim, resultados fiscais – ou seja, trará economia para o governo – no médio e até no curto prazo.
Até então, Esther sustentava que a reforma do serviço público não tinha por objetivo reduzir custos, mas ganhar eficiência. Em entrevista ao Estadão, a ministra disse que o governo já tem empregado mudanças que geraram economia e que, na próxima década, os gastos com o pagamento de servidores tendem a cair, como resultado das reformas da Previdência do funcionalismo de 2003 e 2013.
“Desde 2010, a gente teve uma saída de mais de 240 mil servidores federais. E a gente repôs uma parte; mas, ainda assim, houve uma perda líquida de mais de 70 mil pessoas. A gente vai repor 15 mil. A nossa estimativa para frente é de uma saída de uns 180 mil nos próximos dez anos. E a gente acha que não vai repor nem um terço disso, porque o efeito da digitalização é a necessidade de menos pessoas”, diz. Leia a seguir, os principais trechos da entrevista.
– Pesquisa Quaest mostrou que o projeto de limitar os supersalários tem apoio de apenas um terço dos deputados e só a metade concorda em colocar sob o teto do funcionalismo as verbas indenizatórias, os chamados ‘penduricalhos’ do Poder Judiciário. A senhora vê possibilidade de avanço da reforma administrativa nesse ambiente e tão perto da eleição de 2026?
“Supersalários é um tema que a gente aborda desde as primeiras reuniões, em 2023, e a gente já sabia que no Congresso não seria simples de ser aprovado. Com a formação do grupo de trabalho da reforma administrativa, eu pensei que seria uma oportunidade de fazer o que eu acho essencial para essa pauta andar: um diálogo entre os três Poderes. Porque onde há maior descumprimento ao teto é no Judiciário, e é um tema que é muito espinhoso para o Judiciário enfrentar. A gente percebe que no Supremo (Tribunal Federal) e no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) começou a ter mais apetite para enfrentar esse tema, mas está bem longe de ter um consenso final sobre qual seria o ideal”.
– A sra. atribui o baixo apoio na Câmara à resistência do Judiciário?
“Parte tem a ver com isso, porque no Legislativo tem muito menos descumprimento do teto ( de R$ 46,3 mil mensais). O ponto é que não é só o Judiciário federal, mas o estadual também. Então, tem essa pressão para não regulamentar o supersalário. A gente está defendendo que talvez o ideal seja aprovar a proposta original do Senado. Não a que está hoje, que veio da Câmara, que tem muita exceção; mas o original, que era mais restritivo (com os penduricalhos que podem passar do teto). Isso seria interessante”.
– A sra. tem falado que a reforma administrativa tem como foco a eficiência. Mas se você está sendo mais eficiente, você também não tem de produzir mais com menos? Por que a proposta do governo não tem nem como objetivo secundário reduzir despesas?
“O que eu me coloquei bastante contrária foi quando se falou que a reforma administrativa entregaria medidas de ajuste fiscal, como mudanças na Saúde e Educação, desvinculara Previdência, isso eu sou contra; mas é um debate para outro projeto, não para reforma administrativa. Isso não significa que a reforma administrativa não vá aumentara qualidade do gasto, faz ermais com menos. Isso, sim”.
– Pode citar exemplos?
“A reforma que a gente está propondo tem ganhos fiscais no médio e até no curto prazo. A gente já fez coisas bem concretas, que têm impacto. Por exemplo: a gente tem uma área centralizada de apoio aos ministérios, uma secretaria de serviços compartilhados, que a gente chama de Colabora Gov, que presta serviço a 13 ministérios. Só com não replicar estruturas nos ministérios de área de suporte – licitação, gestão de pessoas, TI, suporte de TI, compras centralizadas – já dá R$ 1 bilhão de economia nos quatro anos. Estamos estimando agora a economia só de fazer as compras centralizadas, porque o custo que caiu foi gigantesco. Outro exemplo é na área digital, porque, quando se fala em reforma administrativa, a gente fala em três áreas: pessoal, digital e organizações e processos. No digital é onde se tem um grande ganho de curto e médio prazos. Porque, bem feito, ele reduz muito a necessidade de recursos, de pessoas, de não replicar o mesmo serviço várias vezes. A gente estimou custos, em horas que se deixou de gastar, tanto para o setor público quanto para o privado, de R$ 7,5 bilhões desde 2023. São coisas simples que dão resultado”.
– Onde isso aparece nos gastos do governo?
“Você deixa de aumentar o gasto, o custeio dos ministérios, gasto discricionário. Agora, a digitalização tem outro impacto na área de pessoas. Desde 2010, a gente teve uma saída de mais de 240 mil servidores. E a gente repôs uma parte; mas, ainda assim, houve uma perda líquida de mais de 70 mil pessoas. A gente vai repor 15 mil. A nossa estimativa para frente é uma saída de uns 180 mil nos próximos dez anos. E a gente acha que não vai repor nem um terço disso, porque o efeito da digitalização é a necessidade de menos pessoas”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.