Segunda-feira, 07 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 2 de julho de 2020
Ministros do Mercosul relataram avanços no texto final de um acordo comercial com a UE (União Europeia) antes de uma cúpula ofuscada pelos comentários mais recentes do presidente francês, Emmanuel Macron, contra o pacto. Líderes do bloco comercial sul-americano realizaram uma reunião virtual nesta quinta-feira (2). O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, disse às suas contrapartes que a blindagem legal de um documento que delineia o acordo está quase concluída, graças à “cooperação e flexibilidade” para se superar as diferenças finais.
O chanceler disse esperar que os coordenadores do bloco sul-americano possam concluir os textos e anexos com os negociadores europeus após o verão no hemisfério norte, para que então o acordo esteja pronto para ser assinado.
Na segunda-feira, falando em Paris a um grupo de cidadãos franceses que propunham maneiras de diminuir as emissões de gases de efeito estufa, Macron disse que concorda que a França não deveria assinar nenhum acordo com países que não cumprem o Acordo de Paris contra a mudança climática. “Compartilho sua proposta, e é por isso que, quanto ao Mercosul, interrompi totalmente as negociações”, disse.
No ano passado, Macron disse que não assinaria nenhum acordo comercial com o Brasil se o presidente Jair Bolsonaro retirar seu país do pacto de Paris, ameaçando uma reviravolta nas tratativas entre UE e Mercosul.
Bolsonaro recuou, mas ambientalistas da Europa pressionaram pela rejeição do acordo comercial mesmo assim, citando a incapacidade do governo brasileiro de deter o desmatamento da Amazônia.
A eleição do presidente peronista Alberto Fernández na Argentina no ano passado também criou dúvidas sobre o acordo da UE com o Mercosul, o quarto maior bloco comercial do mundo. Fernández disse que quer renegociar partes do acordo proposto.
Mas o chanceler argentino, Felipe Solá, disse na quarta-feira que seu país não obstruiria o avanço do acordo com a UE, embora este dê aos seus agricultores menos acesso aos mercados do que a Rodada Uruguaia de 1993.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que o Mercosul é parte das soluções que o Brasil e os países do bloco estão construindo para a recuperação da economia, em meio à pandemia de covid-19.
“Os próximos meses serão de grandes desafios para todos nós. O maior deles, que se apresenta desde logo, é conciliar a proteção da saúde das pessoas com o imperativo de recuperar a economia. Tenho certeza de que o Mercosul é parte das soluções que estamos construindo”, disse o presidente, que participou da 56ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, pela primeira vez realizada por meio de videoconferência. O encontro foi o último sob o comando do Paraguai, que passará agora a presidência pro tempore (temporária) do Mercosul para o Uruguai.
“No esforço da construção de um País mais próspero, buscamos mais e melhores inserções do Brasil na região e no mundo. E o Mercosul é principal veículo para essa inserção. Os históricos acordos selados em 2019 com a União europeia e a Associação Europeia de Livre Comércio evidenciam que estamos no caminho certo”, disse o presidente.
Na ocasião, Bolsonaro fez um apelo a todos os presidentes para que instruíssem seus negociadores a fechar os textos pendentes dos acordos. “Atuemos com o firme propósito para deixarmos prontos para a assinatura neste semestre”, reforçou.
O presidente disse ainda que quer levar adiante as negociações com o Canadá, Coreia, Singapura e o Líbano, e expandir os acordos vigentes com Israel e a Índia, além de abrir novas frentes na Ásia. As informações são da agência de notícias Reuters, da Agência Brasil e do Palácio do Planalto.