Sábado, 07 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 5 de junho de 2025
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) não veem como provável a adoção, por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de um caminho similar ao escolhido pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que decidiu deixar o Brasil após ser condenada. Magistrados avaliam como remota a chance de que o antigo mandatário opte por ir para o exterior.
A postura do ex-presidente — que virou réu na ação penal que trata da trama golpista após as eleições de 2022 — é vista dos bastidores do Supremo como cautelosa. Para alguns magistrados, Bolsonaro é um “bom réu” e respeita os trâmites da Justiça.
Um exemplo apontado pelos integrantes da Corte é o fato de Bolsonaro ter acompanhado quase todos os depoimentos das testemunhas de acusação e defesa ouvidas ao longo de duas semanas no âmbito da ação da trama golpista.
As oitivas ocorreram por videoconferência, e os acusados, assim como os advogados e o Ministério Público podiam participar da sessão. A imagem do ex-presidente à frente da webcam pode ser vista após a divulgação dos vídeos pelo STF na terça-feira.
Na terça-feira, a deputada federal afirmou, em entrevista à Rádio Auriverde, que havia deixado o Brasil. Segundo a parlamentar, sua saída do país ocorreu inicialmente para tratar um problema de saúde. No entanto, ela também alegou estar sendo alvo de “perseguição judicial”, após ter sido condenada. De acordo com a assessoria da parlamentar, ela estava na Flórida, nos Estados Unidos, antes de ir para a Itália.
Investigadores que acompanham o caso trabalham com a hipótese de que ela deixou o país por uma rota terrestre que incluiu a cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, e a fronteira com a Argentina. Segundo apurações preliminares, Zambelli teria atravessado a divisa até a cidade de Puerto Iguazú, a apenas 16 quilômetros do centro de Foz do Iguaçu, antes de seguir rumo a Ezeiza, na província de Buenos Aires. De lá, embarcou com destino aos Estados Unidos. Posteriormente, Carla Zambelli usou seu passaporte italiano para desembarcar em Roma nessa quinta-feira (5) sem ser incomodada na alfândega.
A informação é de fontes do Itamaraty que acompanham o caso da parlamentar foragida. Após o desembarque, Zambelli foi incluída na lista vermelha de procurados da Interpol, o que pode levar à sua prisão na Itália.
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Após a saída de Zambelli, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu para que fosse decretada a prisão preventiva da parlamentar tendo em vista a motivação da viagem. A deputada foi condenada em maio pelo STF a 10 anos de prisão e já estava inelegível em razão da Lei da Ficha Limpa. Os recursos contra a decisão, contudo, ainda não se esgotaram.
Na quarta-feira, o ministro Alexandre de Moraes atendeu ao pedido da PGR e determinou a prisão preventiva de Zambelli. Na decisão, Moraes afirmou que o “intuito criminoso” da parlamentar “permanece ativo e reiterado” e apontou que Zambelli insiste, “mesmo que de modo atabalhoado e confuso”, em divulgar notícias falsas e atacar o Poder Judiciário. As informações são do jornal O Globo.