Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 10 de março de 2020
Governador Eduardo Leite (C) participou de coletiva onde foi confirmado o primeiro caso da doença no Estado
Foto: Felipe Dalla Valle/Palácio PiratiniDurante coletiva de imprensa no Palácio Piratini, em Porto Alegre, o governo gaúcho confirmou oficialmente na manhã dessa terça-feira (10) o primeiro caso de infecção por coronavírus no Rio Grande do Sul. O paciente é um idoso de 60 anos, morador de Campo Bom (Vale do Sinos) e que esteve na Itália em fevereiro. Ele está em isolamento domiciliar e seus familiares serão monitorados nos próximos dias, embora nenhum tenha apresentado sintomas.
“Sabíamos que esse dia poderia chegar”, declarou o governador Eduardo Leite. “Não é o caso de alarmarmos a população, mas é importante frisarmos a importância dos hábitos de higiene, como lavar as mãos, evitar o chimarrão compartilhado e aderir a uma etiqueta respiratória ao tossir para não expor terceiros ao contágio. Sabemos que isso gera tensão, mas fiquem tranquilos. Estamos atuando e vamos continuar a monitorar os casos e a tomar todas as providências para que possamos atender as pessoas.”
A identificação do novo coronavírus (Sars-Cov-2), causador da doença que levou o nome de “Covid-19”, foi feita em exame no Lacen (Laboratório Central do Rio Grande do Sul), que desde a última sexta-feira (6) realiza esse diagnóstico específico. Desde então, o órgão já recebeu ao menos recebeu 122 amostras e analisou 107. “É uma resposta muito concreta de que o governo do Estado está fazendo a lição de casa”, avalia a titular da SES (Secretaria Estadual da Saúde), Arita Bergmann.
Até esta terça-feira, 190 casos suspeitos haviam sido notificados no Rio Grande do Sul. Além desse primeiro caso positivo, outros 103 casos já foram descartados e 86 permanecem sob investigação.
Por enquanto, há cinco hospitais de retaguarda preparados para receber pacientes – o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, o Complexo Hospitalar Conceição, o Hospital Universitário de Canoas, o Hospital Municipal de Novo Hamburgo e o Hospital São Vicente de Paulo, de Passo Fundo. A partir da confirmação de casos, o número de hospitais pode aumentar. E a orientação da SES é de que, ao constatar sintomas, a pessoa se dirija à unidade de saúde mais próxima.
Para reforçar as medidas de prevenção, o Ministério da Saúde antecipou para 23 de março o início da campanha de vacinação contra a gripe, medida cuja pertinência tende a ser ainda maior nos Estados da Região Sul, onde o inverno é mais rigoroso. O público-alvo inicial é composto de idosos, faixa etária que está mais propensa a quadros graves da doença, e profissionais da saúde.
A preparação das autoridades gaúchas para o enfrentamento do coronavírus começou no início de janeiro, mediante o acompanhamento das informações de casos por esse novo tipo de vírus na China. No dia 28 de fevereiro, a SES instituiu o COE (Centro de Operações de Emergência) para monitorar a propagação, investigar, manejar e notificar casos potencialmente suspeitos e preparar a rede pública para atender a possíveis casos confirmados.
Perfil resumido do paciente
– Homem, 60 anos, residente em Campo Bom;
– Identidade não informada pelas autoridades;
– Histórico de viagem para Milão (Itália) entre 16 e 23 de fevereiro;
– Início de sintomas de febre e tosse em 29 de fevereiro;
– Atendido em uma clínica particular de Novo Hamburgo no dia 1º de março;
– Avaliação médica com o quadro de sintomas leves;
– Orientado a ficar em isolamento domiciliar até a melhora dos sintomas, sendo monitorado pela vigilância epidemiológica do município;
– Notificação ao Estado como suspeito no dia 2 de março;
– Chegada das amostras de secreções das vias respiratórias ao Lacen (Labotarório Central) do Rio Grande do Sul em 2 de março;
– Realizados primeiros exames para painel de sete vírus respiratórios mais comuns no País (influenza A e B, parainfluenza, adenovírus e vírus sincicial respiratório) em 3 e 4 de março, todos com resultado negativo;
– Análise específica para o novo coronavírus (SARS-Cov-2) em 9 de março, com resultado positivo por meio de análise da carga genética do vírus;
– Atual quadro de saúde: leve, persistindo a tosse;
– Nenhum familiar residente no mesmo endereço apresenta sintomas, mas o grupo segue monitorado até completar 14 dias do início dos sintomas do paciente infectado (o prazo termina na próxima segunda-feira, 16 de março);
– Como já se passaram mais de 14 dias dos voos de regresso (período estimado de incubação da doença), não se preconiza a verificação da lista de passageiros para a busca ativa a outros suspeitos.
(Marcello Campos)
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