Terça-feira, 23 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 17 de janeiro de 2022
A morte da modelo Nayara Vit completou seis meses neste mês de janeiro e ainda não há esclarecimentos se a causa da queda do 12º andar de um luxuoso prédio em Las Condes, em Santiago, no Chile, foi suicídio, como conta o namorado dela, o executivo Rodrigo del Valle Mijac afirmou, ou se o caso trata-se de feminicídio, como acredita a família da brasileira. Agora, as investigações serão conduzidas em um setor do Ministério Público chileno específico para a apuração de crimes de gênero e violência doméstica.
Nayara morreu no dia 7 de julho do ano passado, no apartamento onde morava na capital chilena. A mudança no rumo das investigações transfere a responsabilidade do fiscal (título equivalente a promotor) Omar Mérida, do Ministério Público do Chile, para uma fiscal de um novo setor do MP chileno, Carolina Fuentes Remy-Maillet, representante da Fiscalização de Crimes de Gênero e Violência Intrafamiliar.
Sob o comando de Omar Mérida, a investigação já tratava o caso como homicídio. O promotor chegou a declarar que há provas que contestam a teoria de que a modelo teria tirado a própria vida. Em um vídeo publicado nas redes sociais da MP chileno, Mérida informou ter conseguido recolher vídeos, áudios, testemunhos e provas materiais que permitem “considerar hipóteses distintas de suicídio”.
A mudança chave da promotoria teria o objetivo de aproximar os familiares das investigações. De acordo com o irmão de Nayara, Guilherme Vit, Carolina Fuentes incluiu a mãe da modelo, Eliane Vit, como parte da acusação.
“Minha mãe foi incluída como parte da acusação por parte da promotoria, com o intuito de nós ficarmos mais a par de documentos e depoimentos sobre a investigação. Porém, até o momento, não tivemos esse acesso”, disse o engenheiro, que afirmou que a família ainda não sabe a verdade.
Uma das medidas da promotora foi considerar Eliane Vit uma vítima indireta no caso, disponibilizando uma advogada do MP chileno para representar a mãe. A mudança ocorreu há cerca de dois meses e, para Eliane a área especializada em casos de feminicídio, vai acelerar o andamento das investigações.
“Agora, estamos aguardando o resultado de um exame físico que vai avaliar se as marcas de lesão encontradas no corpo da Nayara aconteceram antes da queda e foram provocadas pelo namorado. A advogada que me representa no caso já tem acesso aos autos, que vão ser avaliados esta semana, mas o caso já é tratado como feminicídio”, esclareceu Eliane.
A modelo era considerada uma celebridade na capital chilena após, em 2015, ter começado a participar do programa “Toc Show”. Natural de Cuiabá, no Mato Grosso, ela morava no Chile havia 16 anos. De acordo com os familiares e amigos, Nayara não apresentava sinais de depressão que pudessem corroborar para a tese de suicídio.
De acordo com o advogado Cristián Cáceres, que representa a família da brasileira, há outro indício de que a modelo não se suicidou. Ele divulgou uma troca de mensagens, que aconteceu no dia da morte de Nayara, entre ela e a professora de sua filha, que estuda na educação infantil. No conteúdo, a vítima afirmava que levaria a menina ao colégio na sexta-feira, dia 9 de julho.
Cáceres também acredita que as mensagens endossam as declarações dos amigos de Nayara. Eles disseram que ela nunca apresentou tendências suicidas que a motivariam a se jogar do 12º andar de seu prédio, onde vivia com o companheiro Rodrigo Del Valle. As informações são do jornal O Globo.