Sábado, 03 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 24 de março de 2023
A França e o Reino Unido decidiram nesta sexta-feira (24) adiar a visita do rei Charles III, inicialmente prevista para este domingo, devido aos violentos protestos contra a impopular reforma da Previdência do presidente Emmanuel Macron. Segundo um porta-voz do Executivo britânico, a decisão foi tomada a pedido de Macron, um dia depois de 457 pessoas serem presas e 441 policiais ficarem feridos.
“Propusemos que no início do verão [inverno no Brasil], consoante as nossas respectivas agendas, possamos marcar conjuntamente uma nova visita de Estado [do rei Charles III]”, explicou Macron durante viagem a Bruxelas, onde participa de uma cúpula com seus colegas da União Europeia (UE).
O monarca britânico, de 74 anos, e a rainha consorte Camilla, de 75, “aguardam com grande interesse a oportunidade de visitar a França assim que as datas forem encontradas”, disse o Palácio de Buckingham, nesta sexta-feira, dois dias antes da partida prevista para Paris, que deveria ser a primeira visita de Estado do casal real desde que Charles III ascendeu ao trono, em setembro.
“A decisão foi tomada com o acordo de todas as partes, depois de o presidente francês ter pedido ao governo britânico o adiamento da visita”, marcada para 26 e 28 de março, disse em Londres um porta-voz do primeiro-ministro, Rishi Sunak, que na véspera afirmou “não ter conhecimento de qualquer mudança de planos”.
Silencioso até agora sobre o assunto, nos últimos dias Buckingham vinha acompanhando de perto a turbulenta situação na França, onde toneladas de lixo se acumulam nas ruas e um sindicato de ferroviários afirmava que a viagem do monarca britânico, cuidadosamente preparada durante meses, estava “na sua mira”.
Segundo a imprensa britânica, a logística da viagem vinha sendo revisada há dias, e se estudavam medidas para reduzir as interações do casal real com o público francês.
Estava previsto que Charles participasse de uma homenagem no Arco do Triunfo e de um jantar no Palácio de Versalhes na segunda-feira, antes de viajar para Bordeaux na terça. Contudo, a convocação de novos protestos pelos sindicatos e as imagens de violência e distúrbios em todo o país estimularam a decisão pelo adiamento. Charles e Camila viajariam de Paris para Berlim no dia 29. Apesar da mudança de última hora, eles manterão a visita de Estado à Alemanha, marcada até 31 de março.
A tensão atingiu um novo patamar na quinta-feira, com um incêndio no acesso à Câmara Municipal de Bordeaux (sudoeste), “cenas de caos” em Rennes (oeste), canhões de água em Lille (norte) e Toulouse (sul), e motins nas ruas de Paris, entre outros.
O Conselho da Europa, órgão regulador dos direitos humanos no continente, criticou o “uso excessivo da força” por parte da polícia francesa durante manifestações. “Ocorreram incidentes violentos, incluindo alguns que apontam para as forças da lei e da ordem”, declarou a comissária de direitos humanos do conselho, Dunja Mijatovic. “Os atos esporádicos de violência de alguns manifestantes e outros atos condenáveis de outras pessoas durante um protesto não podem justificar o uso excessivo da força por parte de agentes do Estado”, acrescentou. As informações são da agência de notícias AFP.