Quinta-feira, 28 de março de 2024
Por Redação O Sul | 10 de junho de 2015
Uma mulher que vive na Bélgica e tem 27 anos é a primeira mulher a dar à luz um bebê com a ajuda de um ovário que foi congelado quando ela ainda era uma criança. Segundo a revista especializada Human Reproduction, que publicou o caso nesta quarta-feira, os médicos decidiram retirar um de seus ovários e congelar fragmentos dele quando ela tinha 13 anos.
O procedimento foi realizado como uma medida preventiva, já que ela estava prestes a iniciar um tratamento com quimioterapia que provavelmente a deixaria infértil. A ideia dos médicos era a de que, quando ela quisesse engravidar, poderia ter esses fragmentos de seu próprio tecido ovariano re-implantados. Se desse certo, isso “reativaria” o órgão.
Dez anos depois, o procedimento se mostrou bem-sucedido. A mulher – que nasceu na República Democrática do Congo e pediu para não ter seu nome divulgado – deu à luz um menino em novembro do ano passado.
Doença grave
Segundo a revista, a paciente foi diagnosticada aos 5 anos com uma doença hereditária chamada anemia falciforme. A doença era tão grave que os médicos decidiram que ela precisava de um transplante de medula óssea. Mas antes disso, ela precisou fazer quimioterapia para enfraquecer seu sistema imunológico e impedi-lo de rejeitar um tecido externo.
Só que a quimioterapia poderia destruir as funções dos ovários e, por isso, os médicos removeram seu órgão direito e congelaram fragmentos dele. Na época, ela estava mostrando alguns sinais de puberdade, mas ainda não havia menstruado. Durante o tratamento, ela acabou, efetivamente, perdendo as funções do outro ovário.
Gravidez
Mas dez anos depois, ela decidiu engravidar – e então os médicos enxertaram quatro dos tecidos ovarianos congelados no ovário remanescentes e 11 outros fragmentos em outras partes de seu aparelho reprodutivo.
A ginecologista que conduziu o procedimento, Isabelle Demeestere, disse que o sucesso do transplante dá esperança para outras jovens com risco de falência ovariana
A paciente então começou a menstruar espontaneamente cinco meses após os enxertos e ficou grávida dois anos depois. A ginecologista que conduziu o tratamento para restaurar a fertilidade da belga, Isabelle Demeestere, disse que a esperança agora é que o procedimento ajude outras jovens com risco de falência ovariana.
“No entanto, o sucesso desse procedimento está atrelado a mais pesquisas com meninas no período pré-puberdade, já que a nossa paciente já estava nessa fase embora ainda não tivesse menstruado”, disse. (AG)