Domingo, 19 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de junho de 2016
A jornalista Claudia Cruz, mulher do presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou à força-tarefa da Operação Lava-Jato que recebeu uma indenização de 5 milhões de reais da Justiça do Trabalho.
De acordo com Claudia, “esses recursos foram usados para aquisição do patrimônio pessoal da declarante”. Mas a jornalista não esclareceu detalhes da origem desse dinheiro. Ela depôs no dia 28 de abril. Na ocasião, os investigadores a questionaram sobre a fortuna gasta no exterior com cartões de crédito – 525 mil dólares entre 3 de janeiro de 2013 e 2 de abril de 2015.
Claudia trabalhou como apresentadora na TV Globo de 1989 a 2001. O contrato dela era de prestação de serviços (terceirizada). Ela deixou a emissora após uma faringite. Foi esse motivo que a jornalista usou para processar a empresa, alegando doença ocupacional. Em 2008, ganhou uma ação trabalhista em que a emissora foi condenada a pagar todos os direitos trabalhistas.
A empresa que ela usou para prestar serviços à Globo, a C3 Produções, é objeto de investigação da Lava-Jato. Foi por meio dela que Claudia recebeu 591 mil reais do Grupo Libra, beneficiado por uma emenda parlamentar. Ela também é investigada por possuir dinheiro não declarado no exterior.
Hecatombe
O deputado Marcos Rogério (DEM-RO), relator do processo de cassação do presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que o depoimento dado pela mulher de Cunha, Claudia Cruz, à força-tarefa da Operação Lava-Jato desmonta a tese da defesa e confirma as conclusões que apresentou em seu relatório: que ele era o garantidor da conta e era quem abastecia com recursos.
“O dinheiro que abastecia essa conta, a Kopek, saía da conta Netherton, uma conta que ele chama de trust. Esse depoimento escancara o que eu coloquei no parecer, o que constatei nos documentos. Como é que é trust, que não é dele, mas pagava a conta dele e dela?”, apontou Marcos Rogério. “O depoimento dela desmonta a tese da defesa, de que ele não pagava conta. Foi uma hecatombe na defesa dele”, completou.
Segundo o termo de declarações da força-tarefa do Ministério Público Federal, Claudia disse que “não tinha conhecimento do saldo da conta” e não a declarou às autoridades brasileiras “porque quem era o responsável por isso era Eduardo Cunha”. Ela alegou ainda que “perguntava a Cunha se poderia fazer aquisições de luxo e ele autorizava”. Cláudia disse ainda que “nunca se interessou em perguntar de onde era a origem do dinheiro utilizado no exterior”. (AG e AE)