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Por Redação O Sul | 17 de março de 2016
Bem ao seu estilo, o ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi voltou ao noticiário na Itália nessa semana. O magnata afirmou que ser mulher, mãe e prefeita de uma cidade como Roma são tarefas incompatíveis. A declaração veio como apoio a seu aliado, Guido Bertolado, que poderá enfrentar Giorgia Meloni, atualmente grávida, na disputa eleitoral.
“Uma mãe não pode se dedicar a um trabalho que ocupa 14 horas por dia”, disse Berlusconi à rádio estatal RAI. “As mulheres têm cinco meses de trabalho não obrigatório” a partir do momento que se tornam mães e “está claro para todos que uma mamãe não pode dedicar-se a um trabalho terrível” como é administrar a capital italiana que, segundo ele, “está em uma situação desastrosa”.
As palavras de Berlusconi foram contestadas pelo primeiro-ministro, Matteo Renzi, que, questionado sobre se uma mulher pode assumir essa tarefa política e conciliá-la com a maternidade, disse “é claro que sim, absolutamente”.
Diversos partidos já travam uma intensa disputa pela vitória da eleição na capital italiana, que será realizada em junho deste ano. Giorgia, líder direitista, ainda não decidiu se participará da corrida – o que poderia dividir os votos de centro-direita na capital.
Uma pesquisa de opinião, no entanto, indica que a candidata Virginia Raggi, do Movimento Cinco Estrelas, lidera as intenções de voto para a prefeitura de Roma.
“Itália não é para mulheres.”
A participação das mulheres na política italiana tem sido assunto de frequentes debates no país, onde apenas 14% dos municípios tem prefeitas mulheres, e nenhuma delas ocupa o cargo em cidades com mais de 300 mil habitantes.
No domingo, a candidata à prefeitura de Milão Patrizia Bedori desistiu de concorrer ao cargo após receber comentários agressivos sobre a sua aparência. “Quando eles vão pedir a um candidato homem para deixar a disputa porque não tem boa aparência ou porque precisa ser pai? Solidariedade a #Bedori e #Meloni”, disse a ministra italiana Maria Elena Boschi, em sua conta no Twitter.
Já o vice do partido democrático Titti Di Salvo classificou a declaração do ex-primeiro-ministro como uma expressão de machismo patriarcal. O discurso de Berlusconi foi publicado um dia após a ministra da Saúde italiana, Beatrice Lorenzin, dizer que a Itália “não é um país para mulheres”, depois de terem colocado em dúvida a idoneidade de Giorgia. “O que está ocorrendo nestes dias é incrível e revela uma misoginia profunda”, afirmou, em comunicado. (AG)