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Mundo Brasil ignora sanções internacionais e intensifica comércio com a Rússia

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Governo Lula dá mais importância às relações com o Sul Global, o que ajuda Putin a driblar o cerco ocidental. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Apesar do cerco de EUA e Europa à Rússia, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ampliou no último ano a cooperação econômica com Moscou, em meio à guerra na Ucrânia. Pela primeira vez em duas décadas, as trocas comerciais superaram a meta de US$ 10 bilhões, chegando US$ 11,3 bi em 2023. O movimento, segundo analistas, reflete a aposta arriscada de Lula no Sul Global.

O chamado Sul Global é uma aliança frouxa de países emergentes, herdeiros do movimento não alinhado da Guerra Fria, que resiste ao apelo para isolar a Rússia. Assim, servem como tábua de salvação para o regime de Vladimir Putin driblar as sanções em troca de petróleo e gás.

O Brasil, por exemplo, se tornou o maior comprador de diesel russo, com 6 milhões de toneladas em 2023 – um aumento de 6.000% em relação ao ano anterior e um total de US$ 4,5 bilhões. Em seguida vêm os fertilizantes, que correspondem à outra grande fatia do comércio com a Rússia, com US$ 3,9 bilhões ao ano.

A razão para não embarcar no cerco é que o Brasil se diz contra sanções unilaterais e só considera embargos validados pela ONU – onde a Rússia tem poder de veto. “Tem um aspecto pragmático, que é importar derivados de petróleo, especialmente o diesel, de um produtor relevante em condições favoráveis para estabilizar os preços domesticamente”, disse Pedro Brites, professor de relações internacionais da FGV.

Mas, segundo ele, também tem o aspecto político. “A condenação da Rússia pela guerra na Ucrânia é muito forte, mas que não se disseminou na Ásia, na América Latina, na África e no Oriente Médio. Há uma divisão sobre como lidar com a Rússia. E, no Brasil, você tem o governo Lula tentando se aproximar desses países do Sul Global, que favorece politicamente a Rússia.”

Declarações

Lula foi criticado por equiparar as responsabilidades que Ucrânia e Rússia teriam pela guerra ao dizer que “quando um não quer, dois não brigam”. O presidente também sugeriu que Putin poderia vir ao Brasil sem medo de ser preso, embora seja alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI). Para abrir caminho, o governo endossou a tese de imunidade de chefes de Estado para recebê-lo em novembro, na cúpula do G-20. O russo, que tem evitado viagens, avalia o convite.

Lula também se apresentou como mediador para o conflito, mas passou a impressão de alinhamento com Moscou, enterrando seu papel de protagonista. Exemplo disso foi quando a Casa Branca acusou Lula de “difundir propaganda russa” ao dizer que EUA e Europa prolongavam a guerra – referência ao fornecimento de armas para os ucranianos.

Mais recentemente, Lula disse que “não é obrigado a ter o mesmo nervosismo” que os europeus têm com guerra, porque o Brasil está geograficamente longe do conflito. Ele deu a declaração ao lado do presidente da França, Emmanuel Macron, que causou espanto ao cogitar o envio de tropas à Ucrânia.

Divergências

As posições de Lula e Macron ilustram a divergência entre países centrais e do Sul Global. Dependente da energia russa, a União Europeia comprava gás natural, petróleo e fertilizantes. As importações atingiram o pico no mês seguinte à invasão, quando somaram 22,2 bilhões de euros. A partir de então, caíram: 10,2 bilhões de euros, em dezembro de 2022, e menos de 4 bilhões, no fim de 2023.

Na mesma linha, os EUA também fecharam o cerco. Só na última leva, nos dois anos de guerra, as sanções atingiram 500 empresas e indivíduos, que abasteciam a produção industrial e militar de Moscou. “Com as sanções, a Rússia tem um número limitado de países com os quais pode fazer negócio. Isso faz com que ela se empenhe mais em ampliar o comércio e acaba favorecendo a relação com os países que estão abertos. O Brasil se favoreceu disso”, afirma o analista Daniel Buarque.

Apesar do esforço dos EUA e da Europa, a economia russa se recuperou rapidamente da contração registrada em 2022, e cresceu 3,6% em 2023. Para este ano, o FMI prevê um crescimento de 3,2%, bem superior ao de países do G-7, como EUA (2,7%), Reino Unido (0,5%), Alemanha (0,2%) e França (0,7%).

As sanções limitam o acesso da Rússia à tecnologia, diz o FMI, o que torna sua economia menos competitiva. Mas o aumento dos gastos do Kremlin, que investe na máquina de guerra, e a capacidade de manter as exportações, sobretudo para China e Índia, impulsionam o crescimento.

“Uma das coisas que a Otan mais esperava era o isolamento da Rússia, e isso não aconteceu. Não houve a queda no PIB que se esperava, justamente por causa dessa articulação com outros países”, disse Brites. “A Rússia conseguiu, apesar de toda interdependência econômica com a UE, reorientar as exportações.”

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