Sábado, 27 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 28 de novembro de 2015
Pela primeira vez as mulheres participam como candidatas em uma campanha eleitoral na Arábia Saudita, país ultraconservador do Golfo onde elas seguem submetidas a inúmeras restrições civis e políticas.
Precedidas de uma campanha de doze dias, as eleições municipais de 12 de dezembro são as primeiras da história do país abertas às mulheres como eleitoras e candidatas. Estas eleições “nos darão confiança”, já que “se queremos desenvolver ou reformar nosso país, temos que colocar as mulheres em todos os níveis de decisão”, afirma Nasima al-Sadah, candidata em Qatif (leste).
O desafio é imenso neste reino que aplica uma versão rigorosa do Islã. A Arábia Saudita não tem sequer uma ministra e é o único país do mundo onde as mulheres não têm o direito de dirigir. Também só podem sair em público se estiverem cobertas dos pés à cabeça, não podem trabalhar, casar ou viajar sem a autorização do marido ou de um homem da família.
Também não podem comer sozinhas em restaurantes. Ainda assim, o rei Abdallah ensaiou durante seu reinado de dez anos (2005-2015) um tímido processo de abertura. Após organizar as primeiras eleições municipais, Abdallah outorgou em 2011 às mulheres o direito ao voto e à elegibilidade. Dois anos depois, nomeou mulheres para o Majlis as-Shura, um conselho consultivo.
Sadah parece satisfeita com o número de mulheres candidatas às municipais, mas lamenta o “pequeno número” de eleitoras. Ao todo, 900 mulheres figuram entre os 7 mil candidatos que competem por 284 conselhos municipais, segundo números da comissão eleitoral. Mas apenas 130.600 mulheres se inscreveram nas listas eleitorais diante de mais de 1,35 milhões de homens, sobre uma população de 21 milhões de habitantes. (AG)