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Por Redação O Sul | 15 de agosto de 2020
Ainda que sejam bastante promissoras, não é certo que uma vacina para o novo coronavírus entre em circulação nos próximos meses. É por isso que cientistas de todo o mundo buscam alternativas para a proteção e o tratamento da Covid-19: drogas que entregam anticorpos são uma delas.
Ainda que uma vacina seja licenciada, pode demorar meses após a injeção para que o corpo consiga produzir resposta imunológica mais forte contra o vírus. Algumas drogas experimentais conseguem diminuir esse tempo e fornecem versões mais concentradas destas proteínas no corpo.
Elas entregam anticorpos prontos para combater o vírus imediatamente, sem a necessidade de ensinar o sistema imunológico como produzi-los. Esse processo tem se mostrado eficaz em estudos pré-clínicos, ou seja, em testes de laboratório e em animais.
Proteção induzida
Os anticorpos são proteínas que o corpo produz quando ocorre uma infecção; elas se ligam a um vírus e ajudam o organismo a eliminá-lo. As vacinas funcionam enganando o corpo, fazendo-o pensar que há uma infecção, e com isso, produzindo anticorpos que vão se lembrar do vírus quando ele aparecer.
“Uma vacina leva tempo para funcionar, para forçar o desenvolvimento de anticorpos. Mas quando você dá um anticorpo, você obtém proteção imediata”, disse Myron Cohen, virologista da Universidade da Carolina do Norte à Associated Press.
“Se pudermos gerá-los em grandes concentrações, em grandes tonéis em uma fábrica de anticorpos, podemos meio que contornar o sistema imunológico.” – Myron Cohen, virologista
Resultados mais recentes apontam que essas drogas, quando injetadas no corpo, conseguem durar pouco mais de um mês. Elas são capazes de dar uma imunidade rápida e temporária a pessoas com alto risco de infecção, como profissionais de saúde e cuidadores de pessoas com a Covid-19.
Elas são testadas também para tratamentos, ajudando o sistema imunológico a responder à infecção pelo coronavírus e até mesmo evitar o desenvolvimento de sintomas graves ou a morte. Marshall Lyon, pesquisador da Emory University, em Atlanta (EUA), disse acreditar que seja possível proteger pacientes em estágio inicial da doença.
Apostas ‘promissoras’
A médica Janet Woodcock, da agência norte-americana de regulamentação de drogas e alimentos (FDA da sigla em inglês), disse que os medicamentos com anticorpos são “muito promissores” e, ao contrário das vacinas, podem estar disponíveis “em breve”.
A farmacêutica Eli Lilly já começou a fabricar seu medicamento com anticorpos, apostando que os estudos em andamento darão resultados positivos. Outra empresa, a Regeneron Pharmaceuticals Inc., – conhecida por fazer um coquetel de anticorpos contra o Ebola – testa um para o coronavírus.
A droga da Regeneron usa dois anticorpos para aumentar suas chances de funcionar, mesmo se o vírus evoluir e conseguir escapar da ação de um deles, enquanto que a Lilly testa dois medicamentos diferentes que usam um mesmo anticorpo.