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Mundo Não chores por mim, Argentina

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Macri perdeu as eleições primárias para a chapa que tem Cristina Kirchner como vice. (Foto: Reprodução)

Em meio a uma forte deterioração da confiança dos investidores na Argentina, que temem o risco de um novo calote da dívida, cresce no país o debate sobre a possibilidade de o presidente Mauricio Macri não disputar a reeleição, em favor da governadora de Buenos Aires, María Eugenia Vidal.

Alguns setores na Argentina começam a cogitar María Eugenia como candidata no lugar de Macri, que está desgastado e aparece em desvantagem nas pesquisas. Ela nega a hipótese de ser candidata e diz que a coalizão governista Cambiemos já tem um candidato.

Na noite de terça-feira (23), María Eugenia disse só disputaria a Presidência se o presidente pedisse. Na reunião do Conselho Interamericano de Comércio e Produção, na capital Buenos Aires, empresários elogiaram o governo de María Eugenia e disseram que ela seria uma boa candidata à Presidência.

O debate cresce após divulgação de novas pesquisas que mostram Macri mal nos cenários de primeiro turno, e a ex-presidente Cristina Kirchner com oito pontos percentuais de vantagem sobre ele em um segundo turno.

A maior probabilidade de um retorno do kirchnerismo e a incerteza quanto ao risco de a Argentina não conseguir honrar sua dívida, mesmo se Macri vencer, levaram o mercado a ter outro dia tenso na quarta-feira (24). O principal índice de ações da Bolsa de Buenos Aires, o S&P Merval, fechou em baixa de 3,82%, com 29.746,60 pontos.

O risco-país calculado pelo banco JP Morgan chegou a atingir a máxima de 963 pontos-base — maior patamar do governo Macri. Quando a sua antecessora, Cristina Kirchner, deixou o poder o risco-país era de 480 pontos.

No mercado cambial, o dólar chegou perto de 45 pesos. Na taxa média do Banco Central argentino, a cotação final ficou em 44,91 pesos, após alta de 1,39 pesos.

Os temores de um novo default voltam a rondar investidores, afirma Gabriel Caamaño, economista da consultoria Ledesma, em Buenos Aires. Segundo ele, a Argentina tem suas necessidades de financiamento cobertas para 2019, conseguiria remanejar as de 2020 no mercado interno, mas em 2021 terá maior necessidade de financiamento e se sentará para renegociar com o FMI (Fundo Monetário Internacional), que deve pedir reformas estruturais para aumentar seu superávit e reduzir impostos.

“O que o mercado vê então? Se o kirchnerismo vence, não há chances de essas reformas, como a da Previdência, serem feitas. Com esse governo, que não é competitivo hoje e não fez as reformas quando teve chance, qual a probabilidade de que faça se vencer?”, argumenta. “O mercado está antecipando essas dúvidas. Não é apenas uma incerteza eleitoral, mas que também tem base real.”

Daniel Kerner, da consultoria Eurasia, lembra que Macri ratificou que será o candidato do Cambiemos, mas as especulações de que ele pode desistir e dar lugar a María Eugenia devem crescer. “Ela é mais popular que Macri, embora sua avaliação negativa tenha aumentado por causa da crise”, diz. Ele acrescenta que o presidente sabe que María Eugenia seria uma candidata mais competitiva.

Pesquisa da consultoria Oh Panel!, de terça, mostra que, se a eleição fosse hoje, María Eugenia teria 33% dos votos e Cristina Kirchner, 28%, em um primeiro turno. Com Macri, Cristina aparece com 30%, e o presidente com 22%.

Eric Ritondale, da consultoria Econviews, afirma, no entanto, que ainda não está claro que investidores e empresários argentinos prefiram María Eugenia, mas diz que há cada vez mais nomes próximos a Macri pedindo para que ela seja a candidata da coalizão governista.

O registro das candidaturas para as primárias partidárias deve ser feito até 22 de junho. A disputa interna está prevista para 11 de agosto, enquanto o primeiro turno ocorrerá em 27 de outubro.

Até lá, diz Ritondale, haverá muita tensão no mercado e dificilmente uma variável poderá reverter o mau humor. “Se a inflação desacelerar e houver certa recuperação da economia, Macri pode aparecer melhor nas pesquisas. Mas não seria nada que mudaria completamente o jogo de alta volatilidade do câmbio, risco-país subindo e peso caindo. Não creio que isso mude até o ano que vem.”

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https://www.osul.com.br/nao-chores-por-mim-argentina/ Não chores por mim, Argentina 2019-04-26
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