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Por Redação O Sul | 18 de março de 2018
Uma dor é considerada crônica quando dura mais de três meses, mas esse incômodo – que pode ser severo – às vezes se estende por anos. Muita gente passa a conviver com limitações no seu dia a dia, como se o problema não tivesse solução. Mesmo que não seja possível eliminá-la por completo, o manejo da dor crônica é fundamental para garantir não só saúde física, mas igualmente a mental, como explica o neurocirurgião especialista em dor pela Associação Médica Brasileira Claudio Corrêa.
Com mais de 30 anos de atuação, ele tem mestrado e doutorado em neurocirurgia pela Escola Paulista de Medicina/UNIFESP e é o coordenador do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho, em São Paulo. “Nenhum caso deve ser considerado irrelevante, porque um processo doloroso e contínuo pode deflagrar ansiedade e depressão. A dor crônica vai minando a capacidade de tolerância da pessoa”, afirmou, acrescentando que o inverso também ocorre: situações de grande tensão emocional servem de gatilho para crises dolorosas.
A partir dos 50 anos, alguns tipos de dor crônica são mais comuns, como as artroses (subsequentes ao processo inflamatório das artrites), mas Claudio Corrêa chama a atenção para as dores neuropáticas, provocadas por lesões do sistema nervoso, que pode ser incapacitantes: “cerca de 30% dos diabéticos apresentam uma neuropatia periférica, com um quadro de queimação constante nos membros inferiores e depois superiores, principalmente nas suas extremidades. Essa é uma dor causada por alterações nos vasos sanguíneos e que pode ser minimizada”.
A neuralgia do trigêmeo também é prevalente em indivíduos mais velhos – e quem teve a descreve como um choque paralisante. Papiros já tratavam do problema, só para se ter uma ideia de como ele aflige a humanidade há milênios.
Infelizmente, diz o médico, não existe uma cadeira de tratamento da dor na grade curricular das faculdades de medicina, mas as universidades criam “ligas de dor” como atividade extracurricular para os interessados nesse campo de estudo. É por isso que, nos grandes centros, deve-se buscar atendimento público em hospitais de clínicas e universitários, inclusive porque o tratamento é multidisciplinar, envolvendo medicação, fisioterapia, hidroterapia e acompanhamento psicológico.
Normalmente, ele começa com as alternativas mais simples até chegar às complexas, como bloqueios e agulhamento. A cirurgia é o recurso quando há reações alérgicas ou intolerância a medicamentos, com o implante de eletrodos na medula ou no cérebro; ou de dispositivos de armazenamento de analgésicos que liberam a substância no organismo. A automedicação é a pior alternativa.
Para o neurocirurgião, as pessoas não têm consciência do risco que correm: “o paciente pode retardar um diagnóstico importante. Imagine alguém que comece a ter dores de cabeça diárias. Se tomar um analgésico, vai melhorar, mas isso pode camuflar uma doença mais séria e comprometer o tratamento”.