Quinta-feira, 18 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Geral Não é preciso temer se a imunidade ao coronavírus não for duradoura

Compartilhe esta notícia:

Os infectados que produzem anticorpos nos primeiros 15 dias têm um risco menor de sofrer sintomas graves da covid-19. (Foto: Reprodução)

A queda na contagem de anticorpos não é sinal de uma derrota do sistema imunológico diante do coronavírus, nem indica uma dificuldade para o desenvolvimento de uma vacina viável.

Nos dois meses mais recentes, vários estudos científicos foram divulgados – alguns foram revisados pelos pares; outros, não – indicando que a resposta dos anticorpos em pessoas infectadas com o SARS-CoV-2 teve queda significativa em um intervalo de dois meses. A notícia inspirou o temor de um rápido enfraquecimento da imunidade dos pacientes que já tiveram a covid-19, prejudicando as perspectivas para o desenvolvimento de uma vacina eficaz e durável.

Mas essas preocupações resultam de um equívoco.

Tanto a imunidade natural do nosso corpo quanto a imunidade adquirida por meio da vacinação servem ao mesmo propósito: inibir um vírus e impedir que este cause uma doença. Mas elas nem sempre funcionam da mesma maneira.

Com isso, a revelação de que os anticorpos naturais de alguns pacientes que tiveram Covid-19 estariam em queda não significa muito para a probabilidade de eficácia das vacinas atualmente em fase de desenvolvimento. Nesse caso, a ciência pode ser mais eficaz do que a natureza.

O sistema imunológico humano evoluiu para cumprir duas funções: agilidade e precisão. Com isso, temos dois tipos de imunidade: a imunidade inata, que entra em ação em questão de horas, ou até minutos, após uma infecção; e a imunidade adaptativa, que se desenvolve ao longo de dias e semanas.

Quase todas as células do corpo humano são capazes de detectar uma infecção viral, e quando isso ocorre, elas convocam nossos glóbulos brancos para que mobilizem uma resposta defensiva ao agente infeccioso.

Quando a resposta do nosso sistema imunológico inato consegue conter o patógeno, a infecção é resolvida rapidamente e, em geral, sem que apresentemos muitos sintomas. Mas, no caso das infecções mais fortes, é o nosso sistema imunológico adaptativo que entra em ação para nos proteger.

O sistema imunológico adaptativo é formado por dois tipos de glóbulos brancos, chamados células T e células B, que detectam detalhes moleculares específicos do vírus em questão e, com base nisso, produzem uma resposta direcionada contra ele.

Um vírus provoca doenças ao entrar nas células do corpo humano e sequestrar seu mecanismo genético, podendo assim se reproduzir indefinidamente: a hospedeira é transformada em uma fábrica viral.

As células T detectam e matam essas células infectadas. As células B produzem os anticorpos, um tipo de proteína que se conecta às partículas virais e impede que entrem nas nossas células; isso impede que o vírus se replique e contém a infecção.

Então o corpo armazena as células T e B que ajudaram a eliminar a infecção, caso precise delas no futuro para combater o mesmo vírus. Essas chamadas células de memória são os principais agentes da imunidade de longo prazo.

Os anticorpos produzidos em resposta a uma infecção comum pelo coronavírus duram aproximadamente um ano. Mas os anticorpos gerados pela infecção pelo sarampo duram a vida inteira, protegendo para sempre.

Mas, no caso de outros vírus, também ocorre que a contagem de anticorpos no sangue chega ao auge durante a infecção e cai depois que esta foi superada, geralmente em questão de alguns meses: é isso que deixou algumas pessoas preocupadas em relação à Covid-19, mas o significado desse fenômeno não é o que parece.

O fato de a contagem de anticorpos cair após o fim de uma infecção não significa que estão sendo derrotados: essa é uma etapa normal de uma resposta imunológica.

E a queda nos anticorpos não significa uma queda na imunidade: as células B de memória que produziram aqueles anticorpos ainda existem, prontas para produzir novos batalhões de anticorpos se a demanda surgir.

E é por isso que devemos manter a esperança nas perspectivas de desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19.

Uma vacina funciona imitando uma infecção natural, gerando células T e B de memória capazes de proporcionar imunidade duradoura nas pessoas vacinadas. Mas há muitas diferenças importantes entre a imunidade criada pelas vacinas e a imunidade criada por uma infecção natural.

Virtualmente todos os vírus que infectam os humanos contêm no seu genoma instruções para a produção de proteínas que os ajudam a evitar a detecção pelo sistema imunológico inato. O SARS-CoV-2, por exemplo, parece ter um gene dedicado a silenciar o sistema imunológico inato.

Entre os vírus que se tornaram endêmicos nos humanos, alguns também descobriram uma forma de evitar o sistema imunológico adaptativo: o H.I.V.-1 sofre mutações rapidamente; os vírus do herpes usam proteínas capazes de aprisionar e incapacitar os anticorpos.

Felizmente, o SARS-CoV-2 não parece ter aprendido esses truques ainda, indicando que ainda temos a oportunidade de deter sua disseminação e a pandemia se apostarmos em uma abordagem relativamente direta para a vacina.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Geral

Jurista protocola no Senado pedido de impeachment do procurador-geral da República
A imunoterapia pode ser o próximo grande tratamento para o coronavírus
https://www.osul.com.br/nao-e-preciso-temer-se-a-imunidade-ao-coronavirus-nao-for-duradoura/ Não é preciso temer se a imunidade ao coronavírus não for duradoura 2020-08-03
Deixe seu comentário
Pode te interessar